Guerra Comercial: Trump contra os EUA e o Mundo
Desde que Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos para o segundo mandato, o cenário econômico global tem sido profundamente afetado pelas tensões comerciais entre as maiores potências do mundo, sobretudo após a adoção de políticas protecionistas americanas.
Mais recentemente, Donald Trump aumentou as tarifas de importação de aço e alumínio de 25% para 50%, conforme anunciado. O presidente justificou que as tarifas anteriores não foram eficazes em conter a entrada de produtos estrangeiros a preços baixos, argumentando que isso poderia comprometer a segurança nacional devido à quantidade e às circunstâncias das importações de aço. Essa decisão impactará diretamente o Brasil, que é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos. Em 2024, o Brasil exportou aproximadamente 5,81 milhões de toneladas de aço para os EUA, totalizando cerca de US$ 4,14 bilhões em negócios.
Como consequência direta dessas medidas, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para baixo suas projeções de crescimento mundial, alertando para os riscos crescentes que ameaçam tanto as economias desenvolvidas quanto as emergentes. Este cenário, portanto, evidencia como o aumento das tarifas e das barreiras comerciais não apenas prejudica o comércio internacional, mas também alimenta a inflação, abala cadeias produtivas e compromete o desenvolvimento econômico sustentável.
1. Panorama Global: A Economia Sente os Efeitos do Protecionismo
Antes de mais nada, é fundamental entender como as tarifas impostas pelos Estados Unidos geraram uma onda de impactos que transcende as fronteiras americanas. De acordo com o relatório mais recente da OCDE, o crescimento da economia global, que foi de 3,3% em 2024, deverá desacelerar para 2,9% em 2025 e 2026. Essa revisão reflete diretamente as consequências da escalada tarifária iniciada pelo governo Trump.
Além disso, a OCDE alerta que, caso Washington implemente um aumento adicional de 10% nas tarifas sobre todos os países, o Produto Interno Bruto (PIB) global cairá 0,3% em dois anos. Isso significa uma retração bilionária, afetando mercados, empregos e investimentos em escala mundial.
Impacto nas Projeções de Crescimento
De acordo com a OCDE, a expansão do PIB global cairá de 3,3% em 2024 para 2,9% em 2025 e 2026. Essa redução reflete diretamente as consequências do aumento de tarifas e das incertezas geradas pelas medidas protecionistas dos EUA.
Região | 2024 | 2025 | 2026 |
---|---|---|---|
Global | 3,3% | 2,9% | 2,9% |
EUA | 2,2% | 1,6% | 1,5% |
China | 4,8% | 4,7% | 4,3% |
Zona do Euro | 1,0% | 1,0% | 1,2% |
Brasil | 2,1% | 2,1% | 1,6% |
Consequências Diretas das Tarifas
A OCDE estima que um aumento de 10% nas tarifas dos EUA para todos os países poderia reduzir o PIB global em 0,3% em dois anos. Esse cenário não apenas compromete o crescimento, mas também alimenta a inflação e gera instabilidade nos mercados financeiros.
- Redução do poder de compra: Tarifas elevam os preços de importações, pressionando consumidores.
- Queda nos investimentos: A incerteza afeta decisões de empresas, freando novos investimentos.
- Inflação pressionada: O aumento de custos se reflete em preços mais altos

Gráfico 1: Evolução do Crescimento Global (2024-2026)
![Gráfico ilustrativo de tendência de desaceleração econômica mundial]
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2. Estados Unidos: Crescimento Desacelera e Inflação Aumenta
Em segundo lugar, é necessário destacar que os próprios Estados Unidos, promotores dessa guerra comercial, não estão imunes aos seus efeitos negativos. Segundo a OCDE, a expectativa de crescimento da economia americana foi drasticamente reduzida. A projeção anterior, que era de 2,2% para 2025, foi revista para 1,6%, enquanto para 2026, o PIB deve avançar apenas 1,5%.
Por outro lado, ainda que alguns setores industriais se beneficiem com a tentativa de repatriar a produção, os efeitos colaterais são mais expressivos. O aumento no custo dos produtos importados diminui o poder de compra dos consumidores, além de elevar os custos de produção para as empresas. Adicionalmente, a incerteza gerada por essas políticas desestimula investimentos, comprometendo a criação de empregos e a inovação tecnológica.
Ano | Projeção Anterior (%) | Projeção Atual (%) |
---|---|---|
2025 | 2,2 | 1,6 |
2026 | 1,6 | 1,5 |
De forma complementar, é importante destacar que o Federal Reserve (Fed) deverá manter as taxas de juros elevadas ao longo de 2025, apenas começando a reduzi-las para o patamar de 3,25% a 3,5% até o final de 2026, como uma tentativa de controlar a inflação gerada, em parte, pelas tarifas.

3. China: Estratégias de Mitigação e Resiliência
Enquanto isso, a China, principal alvo da guerra comercial americana, também enfrenta desafios consideráveis. No entanto, diferente de outros países, o governo chinês tem adotado medidas eficazes para amenizar os impactos negativos. Entre essas ações estão:
- Subvenções diretas para incentivar a substituição de bens de consumo;
- Ampliação dos programas sociais, fortalecendo a renda disponível das famílias;
- Investimento em cadeias produtivas locais, reduzindo a dependência de importações.
Apesar disso, a economia chinesa também sofrerá desaceleração. A OCDE estima que o PIB do país cresça 4,7% em 2025 e 4,3% em 2026, números ligeiramente abaixo das projeções anteriores.
Ano | Projeção Anterior (%) | Projeção Atual (%) |
---|---|---|
2025 | 4,8 | 4,7 |
2026 | 4,4 | 4,3 |
4. Europa e Brasil: Desafios e Oportunidades
Europa:
Por sua vez, a zona do euro também enfrenta impactos indiretos da guerra comercial. Embora tenha mantido suas projeções estáveis, com crescimento de 1,0% em 2025 e 1,2% em 2026, isso se deve principalmente a três fatores:
- Mercado de trabalho resiliente;
- Cortes nas taxas de juros pelo Banco Central Europeu;
- Maior estímulo fiscal, especialmente por parte da Alemanha, que promete investimentos robustos em infraestrutura até 2026.
Brasil:
Em contrapartida, o Brasil apresenta uma situação de certo equilíbrio. A OCDE manteve a projeção de crescimento para 2025 em 2,1%, mas elevou levemente a estimativa de 2026 de 1,4% para 1,6%. Apesar das adversidades globais, fatores como a política fiscal expansionista e o aumento dos investimentos públicos ajudam a amortecer os impactos negativos.
Porém, desafios persistem, especialmente a inflação, que deve se manter elevada até a segunda metade de 2026, quando então deverá convergir para a meta do Banco Central.
País | 2025 (%) | 2026 (%) |
---|---|---|
Zona do Euro | 1,0 | 1,2 |
Brasil | 2,1 | 1,6 |
5. Efeitos Sistêmicos: Mais do que uma Questão Comercial
De maneira geral, os impactos da guerra comercial ultrapassam o campo econômico. Eles refletem diretamente na:
- Fragmentação das cadeias globais de valor;
- Aumento da volatilidade nos mercados financeiros;
- Pressão inflacionária global, que força bancos centrais a manterem juros altos por mais tempo;
- Redução do comércio internacional, afetando países exportadores de commodities, como o Brasil.

Conclusão
Em suma, a guerra comercial desencadeada durante o governo de Donald Trump trouxe consequências expressivas, tanto para os Estados Unidos quanto para o restante do mundo. A redução do crescimento global, combinada ao aumento da inflação e à fragilidade das cadeias produtivas, evidencia que o protecionismo, embora possa beneficiar setores específicos no curto prazo, prejudica a economia global no médio e longo prazos.
Portanto, como enfatiza a OCDE, a solução passa por um diálogo internacional construtivo, que permita a redução das barreiras comerciais e a construção de uma governança econômica mais cooperativa e menos adversarial. Sem esse esforço conjunto, o mundo corre o risco de enfrentar não apenas uma desaceleração econômica, mas também uma perda substancial de bem-estar global.
por Mano Graal
Fonte: Reuters / Brasil 247