Petrobras corta 12% no preço do diesel, mas postos aumentam margens e combustíveis seguem mais caros

A Petrobras iniciou 2025 com cortes agressivos no preço do diesel vendido às distribuidoras. Em três quedas sucessivas, a estatal reduziu 12% no valor do combustível. No entanto, ao longo dos primeiros meses do ano, os postos de combustíveis seguiram uma trajetória oposta. Os preços ao consumidor aumentaram, enquanto as margens de lucro dos postos dispararam. Este descompasso gerou indignação e expôs falhas no repasse de preços. Ao analisar os números, torna-se evidente que os consumidores continuam arcando com custos elevados, mesmo diante da política de redução da Petrobras.

Petrobras acelera cortes no preço do diesel

Logo no início de janeiro, a Petrobras reduziu o preço do litro de diesel de R$ 3,72 para R$ 3,55. Em março, a estatal cortou novamente, fixando o preço em R$ 3,43. No início de maio, um novo corte trouxe o valor para R$ 3,27. Com esses movimentos, a Petrobras totalizou uma redução acumulada de 12% no ano.

MêsPreço Petrobras (R$)
Janeiro3,55
Março3,43
Maio3,27

Gráfico sugerido 1: Linha temporal das reduções no preço do diesel pela Petrobras (janeiro a maio de 2025).

Apesar dessa trajetória de queda, os consumidores pagaram mais pelo diesel nos postos ao longo do mesmo período.

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Postos ignoram reduções e ampliam margens de lucro

Enquanto a Petrobras reduzia os preços, os postos aumentavam suas margens de lucro de forma expressiva. Desde o final de 2024, a margem dos postos sobre o diesel saltou 50%. O ganho por litro subiu de R$ 0,59 para R$ 0,89 entre dezembro e abril, conforme levantamento do economista Eric Gil Dantas, do Ibeps.

MêsMargem dos Postos (R$)
Dezembro/240,59
Abril/250,89

Gráfico sugerido 2: Barra comparativa das margens dos postos sobre o diesel (dezembro de 2024 x abril de 2025).

Além disso, entre janeiro e abril, o preço médio do diesel nos postos subiu de R$ 5,87 para R$ 6,05. A elevação ocorreu, apesar das reduções aplicadas pela Petrobras, evidenciando o aumento das margens retidas na distribuição e na revenda.

Privatização e descontrole no setor impulsionam aumentos

Durante o governo Bolsonaro, a Petrobras vendeu a BR Distribuidora e a Liquigás, abrindo espaço para que agentes privados controlassem a distribuição de combustíveis. Desde então, os revendedores ganharam maior autonomia para definir margens, o que contribuiu diretamente para a formação de preços mais altos nos postos.

Mahatma dos Santos, diretor técnico do Ineep, enfatizou que a redução aplicada pela Petrobras não chega ao consumidor porque as distribuidoras e os postos capturam essa diferença para ampliar seus lucros.

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Consumidores e governo cobram explicações

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, alertou em maio que os cortes realizados pela empresa não se refletiram nos preços cobrados nos postos. De forma enfática, ela recomendou que os consumidores pressionem os revendedores para entender por que os preços não caíram.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou essa crítica ao abordar o preço do gás de cozinha. Segundo Lula, a Petrobras vende o botijão a R$ 37, mas o consumidor paga até R$ 140 em algumas regiões. Ele ressaltou que os custos logísticos não justificam tamanha diferença e afirmou que o consumidor não pode continuar pagando valores tão elevados.

Gasolina e gás de cozinha seguem a mesma lógica

O comportamento observado no diesel também se repete na gasolina e no gás de cozinha. A Petrobras reduziu o preço da gasolina em 5,31% em junho. Mesmo assim, o preço médio nas bombas subiu 2,88% entre janeiro e abril. Além disso, os postos aumentaram a margem sobre a gasolina em 11% no mesmo período.

O gás de cozinha, por outro lado, subiu 1,4% desde o início do ano. A Petrobras não realizou cortes no preço do gás em 2025, o que contribuiu para a manutenção dos preços elevados.

ProdutoVariação nos Postos (2025)Redução Petrobras (2025)Preço Médio Atual
Diesel+3,02%-12%R$ 6,05
Gasolina+2,88%-5,31%R$ 5,56
Gás de Cozinha+1,4%0%R$ 108,00

Gráfico sugerido 3: Gráfico de barras comparando a variação acumulada de preços dos combustíveis no ano.

Distribuição desigual: impacto por região

As variações de preços nos postos de combustíveis não ocorreram de maneira uniforme no Brasil. Algumas regiões registraram aumentos muito acima da média nacional.

Mapa sugerido: Mapa de calor do Brasil destacando as variações estaduais do preço médio do diesel entre janeiro e abril de 2025.

Esse comportamento reforça que fatores regionais, como logística e concorrência local, também influenciam a composição final dos preços.

Conclusão: Falta transparência e o consumidor segue penalizado

Apesar das reduções consistentes aplicadas pela Petrobras, o consumidor brasileiro continua pagando mais pelos combustíveis em 2025. As distribuidoras e os postos absorveram parte considerável das quedas, ampliando suas margens de lucro e ignorando a pressão da estatal e do governo. O caso do diesel escancara o problema: enquanto a Petrobras aplicou cortes agressivos, os preços subiram nas bombas. A gasolina e o gás de cozinha seguiram a mesma trajetória. As privatizações no setor, realizadas nos últimos anos, criaram um ambiente propício para o aumento das margens e dificultaram a transmissão de preços mais baixos ao consumidor final. Para corrigir esse cenário, o país precisa reforçar a fiscalização, ampliar a transparência sobre a composição de preços e fomentar maior concorrência regional. Caso contrário, o consumidor continuará pagando a conta, mesmo quando a Petrobras decide aliviar o valor na origem.

por Mano Graal

Fonte: Brasil de Fato