UBS diz que fatores internos e externos torna Ibovespa “barato”
O banco suíço UBS elevou sua avaliação sobre o mercado brasileiro na última segunda-feira (23 de maio), promovendo o país à categoria “overweight”, ou seja, com desempenho acima da média entre os mercados emergentes. Essa mudança estratégica resulta da combinação entre a expectativa de cortes na taxa Selic, a possível mudança política em 2026 e a valorização do petróleo. A seguir, você confere os principais motivos que motivaram essa decisão e os possíveis impactos para os investidores.
1. 📉 Fim do ciclo de aperto monetário: nova era à vista?
O Comitê de Política Monetária (Copom) realizou um último aumento da taxa Selic em 18 de junho e declarou que pretende manter os juros no atual patamar por mais tempo. Diante disso, o UBS projetou que o Banco Central iniciará cortes na Selic a partir de abril de 2026, e acelerará esse ritmo mais do que o mercado espera atualmente.
Essa sinalização aumenta a atratividade das ações brasileiras, pois os juros mais baixos reduzem o custo do capital e incentivam o investimento na renda variável.
2. 🏛️ Instabilidade política e projeções para 2026
O UBS também avaliou que a baixa popularidade do governo Lula poderá favorecer uma candidatura de centro-direita nas eleições presidenciais de 2026. Uma eventual mudança de governo, segundo o relatório, trará maior disciplina fiscal, o que impactará positivamente o câmbio, os juros de longo prazo e o endividamento público.
Além disso, essa perspectiva fiscal mais austera reforça a confiança do mercado externo e estimula fluxos de capital para o Brasil. Essa mudança seria, segundo o relatório, positiva para os fundamentos fiscais do país, trazendo de volta:
a) Queda na percepção de risco frente ao endividamento público.
b) A disciplina nos gastos públicos;
c) Redução nas taxas de juros de longo prazo;
d) Estímulo ao câmbio mais estável;
3. 💹 Ibovespa ainda barato: espaço para reprecificação
Embora o Ibovespa tenha acumulado uma alta de 13% em 2025, esse desempenho ainda não compensou as perdas de 40% registradas em 2024. O UBS destacou que os múltiplos da bolsa brasileira, especialmente o P/L (preço sobre lucro), permaneceram baixos por conta da Selic elevada.
Agora que o país encerrou o ciclo de alta, e que os investidores esperam cortes consistentes, o mercado enxerga espaço para reprecificar os ativos com base em expectativas mais otimistas.
Tabela 1 – Variação do Ibovespa por ano
Ano | Variação (%) |
---|---|
2023 | -15% |
2024 | -40% |
2025 (até junho) | +13% |

4. 🛢️ Alta do petróleo e seus impactos: oportunidade ou risco?
A valorização do petróleo representa um impulso adicional para o mercado brasileiro. O Brasil possui uma das maiores produções de petróleo do mundo, com destaque para o pré-sal, e a sua economia mostra baixa exposição a tarifas comerciais dos Estados Unidos.
Contudo, o UBS também alertou que a alta do petróleo pode prejudicar os mercados emergentes se ocorrerem choques de oferta, como os que surgem no Oriente Médio. O parlamento iraniano, por exemplo, aprovou uma proposta para fechar o Estreito de Ormuz, por onde circula cerca de 25% da produção global da commodity.
Embora o Conselho Supremo de Segurança Nacional e o aiatolá Ali Khamenei ainda precisem aprovar a medida, a escalada do conflito eleva a percepção de risco e pode causar disrupções logísticas graves.
5. 🌎 América Latina versus Ásia: quem ganha e quem perde com o petróleo alto?
O UBS também comparou o impacto da alta do petróleo em diferentes regiões. Segundo o banco, a América Latina, especialmente o Brasil, costuma se beneficiar com os preços altos da commodity, pois a região exporta grandes volumes e lucra com o aumento da demanda.
Por outro lado, países como Índia e Filipinas enfrentam dificuldades, pois importam a maior parte de sua energia e sofrem com os custos inflacionários gerados pela elevação dos preços internacionais. As projeções do UBS destacam um contraste regional:
- América Latina (com destaque para Brasil e México): tende a se beneficiar com preços mais altos do petróleo;
- Ásia (principalmente Índia e Filipinas): é mais vulnerável, devido à alta dependência de importações energéticas.
Isso contribui para a narrativa favorável ao Brasil como destino de investimentos em emergentes.
Conclusão
O UBS reconheceu uma combinação favorável de fatores que posicionam o Brasil como um dos mercados mais promissores entre os emergentes. A expectativa de cortes na Selic, aliada à possível alternância política e à valorização do petróleo, cria um ambiente propício para uma nova onda de valorização do Ibovespa.
Apesar dos riscos geopolíticos que envolvem o Irã e o Estreito de Ormuz, o Brasil mostra capacidade de resistir melhor às pressões externas e atrai cada vez mais o interesse de investidores globais. Se o país mantiver os avanços em seu cenário macroeconômico, o Ibovespa poderá consolidar uma trajetória de recuperação consistente nos próximos trimestres.
por Mano Graal
Fonte: MoneyTimes
Foto: FreePik