COM MAIS BITCOIN, MÉLIUZ ENTRA NO TOP 40 GLOBAL

Recentemente, uma brasileira surpreendeu o mundo. A Méliuz, empresa conhecida por oferecer programas de cashback, entrou para o seleto grupo das 40 maiores companhias do planeta que guardam bitcoin no caixa. Com isso, não apenas rompeu barreiras no cenário latino-americano, mas também se colocou como referência de uma estratégia corporativa inovadora e ousada.

O fato é que, nos últimos anos, o mercado corporativo global assistiu ao surgimento de um novo fenômeno financeiro: empresas listadas em bolsas de valores passaram a alocar parte — ou até a totalidade — de suas reservas em bitcoin. Esse movimento vem consolidando o que se chama de Bitcoin Treasury Companies, ou seja, companhias que acumulam BTC como parte de uma estratégia de proteção de capital e valorização patrimonial.

1. O que são Bitcoin Treasury Companies — e por que elas surgiram

Primeiramente, é fundamental compreender o conceito por trás das chamadas Bitcoin Treasury Companies. Esse grupo é composto por empresas que decidiram investir seus recursos líquidos na criptomoeda, não como uma simples aposta especulativa, mas como parte de uma política de tesouraria.

Entre os principais motivos dessa decisão estão:

  • A busca por proteção contra a inflação global;
  • A desconfiança crescente em relação às moedas fiduciárias e à política monetária dos bancos centrais;
  • E, sobretudo, a expectativa de que o bitcoin siga se valorizando a longo prazo.

Com base nessas premissas, empresas como a americana Strategy (antiga MicroStrategy), a Block (do fundador do Twitter, Jack Dorsey) e até a gigante Tesla passaram a diversificar seu caixa incluindo o BTC como ativo estratégico.

2. A trajetória da Méliuz: de cashback à cripto-liderança

A Méliuz iniciou sua incursão no universo cripto em março de 2025, quando converteu parte de seu caixa em 45 unidades de bitcoin, num valor aproximado de US$ 4 milhões. Contudo, o que parecia um movimento tímido e isolado rapidamente ganhou força. Em maio e junho, a empresa realizou novas compras e, surpreendentemente, acumulou 596 bitcoins, hoje equivalentes a R$ 300 milhões.

Este valor não é apenas simbólico. Ele representa:

  • Quase a totalidade do caixa líquido da empresa.
  • Uma clara declaração de estratégia de longo prazo.
  • E o posicionamento da Méliuz como maior detentora de BTC entre empresas abertas da América Latina, superando até o Mercado Livre.

🔹 Vale destacar que, enquanto a Méliuz mantém aproximadamente 90% de seu caixa em bitcoin, o Mercado Livre possui 570 unidades, o que representa apenas 1,4% de seu caixa total.

3. Comparativo das empresas latino-americanas com bitcoin

Para melhor visualizar esse cenário, observe a tabela a seguir:

📊 Tabela 1 – Comparativo de empresas da América Latina com BTC em caixa

EmpresaBitcoin em CaixaValor Estimado (USD)% do Caixa Total
Méliuz596US$ 65 milhões~90%
Mercado Livre570US$ 62 milhões1,4%
Nubank (estimado)12US$ 1,3 milhão0,03%

A diferença de estratégia entre as empresas é notável. Enquanto Méliuz aposta tudo em BTC, Mercado Livre adota um posicionamento mais conservador.

4. O topo da pirâmide: Strategy e seu império de bitcoins

A princípio, nenhuma outra empresa se destacou tanto nesse campo quanto a Strategy, nome atual da antiga MicroStrategy. Desde agosto de 2020, sob a liderança visionária de Michael Saylor, a companhia norte-americana acumulou impressionantes 597 mil bitcoins, avaliados em aproximadamente US$ 65 bilhões em julho de 2025.

Para alcançar esse montante, a empresa:

  • Começou convertendo US$ 250 milhões de caixa em BTC.
  • Depois, passou a tomar empréstimos e emitir ações para financiar novas aquisições.
  • Utilizou os lucros da valorização do bitcoin para quitar dívidas e recomprar mais BTC.

Hoje, a Strategy detém cerca de 3% de todo o estoque mundial de bitcoins em circulação. Um feito impressionante que a coloca, de longe, como a maior “acumuladora” do planeta.

5. O que está em jogo: risco ou revolução?

Naturalmente, uma estratégia tão ousada não está isenta de riscos. O bitcoin é um ativo altamente volátil. Em ciclos anteriores, já caiu mais de 80% em questão de meses. Dessa forma, caso haja uma nova queda drástica, empresas como a Méliuz poderiam ver seu caixa evaporar rapidamente.

Por outro lado, com o BTC superando os US$ 100 mil — o maior valor de sua história —, a estratégia se mostra extremamente lucrativa.

⚖️ Entre os riscos e as recompensas, o que se observa é um dilema claro:

  • Empresas mais conservadoras, como Mercado Livre e Tesla, mantêm pequenas frações em BTC.
  • Já outras, como Strategy e Méliuz, seguem confiantes de que o bitcoin será a reserva de valor dominante do futuro.

6. Conclusão: bitcoin deixa de ser ativo especulativo e entra no coração das finanças corporativas

A entrada da Méliuz no top 40 global marca uma nova era. Mais do que uma simples empresa brasileira, ela se transforma em símbolo da descentralização financeira e da transformação digital das finanças corporativas.

Enquanto muitos ainda encaram o bitcoin com desconfiança, algumas empresas estão redesenhando o conceito de reserva de valor empresarial. Nesse contexto, a Méliuz deixa de ser apenas uma gestora de cashback e passa a ser uma Bitcoin Treasury Company de relevância global — um marco que redefine o papel da América Latina no novo mapa financeiro do século XXI. tende a crescer à medida que o BTC se consolida como um ativo financeiro global.

por Mano Graal

Fonte: InvestNews

Imagens: Fintech / ChatGPT