O MUNDO E A ENCRUZILHADA GEOPOLÍTICA E ECONÔMICA ATUAL
Em um momento de intensa reorganização geopolítica e comercial no mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu agir com contundência. Em 11 de julho de 2025, publicou um artigo simultaneamente em pelo menos nove dos principais jornais internacionais — como The Guardian (Reino Unido), El País (Espanha), Le Monde (França), New York Times (EUA) e Folha de S.Paulo (Brasil). No texto, Lula não só criticou abertamente as medidas protecionistas adotadas pelo presidente norte-americano Donald Trump — os chamados “tarifaços” — como também fez um apelo global para reconstruir o multilateralismo.
1. Crise da ordem pós-1945: o colapso das instituições multilaterais
Primeiramente, para iniciar sua argumentação, Lula contextualiza os riscos atuais. Segundo ele, o mundo enfrenta uma clara ameaça de desmonte da ordem internacional criada após a Segunda Guerra Mundial, centrada na paz, no comércio multilateral e na diplomacia.
Essa nova ordem, afirma o presidente, está sendo substituída por uma lógica de força bruta, onde potências agem unilateralmente. Em vez de fortalecer mecanismos de diálogo, assistimos ao renascimento de práticas imperialistas e confrontos comerciais destrutivos.

Região | Conflito Central | Impactos Diretos |
---|---|---|
Europa Oriental | Guerra Rússia-Ucrânia | Energia e refugiados |
Oriente Médio | Escalada Israel-Irã | Petróleo e segurança |
Ásia-Pacífico | Tensão China-EUA-Taiwan | Comércio e chips |
Transição: À medida que essas tensões se intensificam, o desmonte da cooperação global avança e mina décadas de estabilidade construída com grande esforço multilateral.
2. Tarifaços de Trump e a desestruturação das cadeias globais de valor
No centro das críticas de Lula estão as novas tarifas comerciais impostas por Trump, que afetam diretamente setores estratégicos, como o aço, semicondutores, alimentos e produtos industriais. O presidente alerta que essas medidas não apenas encarecem produtos, como também afetam empregos, investimentos e previsibilidade global.
📊 Evolução dos tarifaços dos EUA sobre importações (2017–2025)
(Fonte: Organização Mundial do Comércio – OMC)
Ano | Média de Tarifas (%) |
---|---|
2017 | 1,8% |
2020 | 3,5% |
2023 | 5,9% |
2025* | 6,7%* |
Transição: Com o aumento das tarifas, as cadeias de produção ficam mais fragmentadas, gerando efeitos inflacionários em diversos continentes — especialmente nas economias em desenvolvimento.
3. Espiral de preços e estagnação global: o risco da estagflação
Lula afirma que a combinação entre preços elevados, desorganização logística e desaceleração econômica leva o mundo a uma espiral perigosa de estagflação — ou seja, inflação persistente com crescimento estagnado.
📉 Impactos econômicos das políticas protecionistas (2020–2025)
(Fonte: FMI / OCDE)
Região | Inflação acumulada (%) | Crescimento médio do PIB (%) |
---|---|---|
América Latina | 18,7% | 1,3% |
Europa Ocidental | 14,1% | 0,7% |
EUA | 11,3% | 0,5% |
Transição: Assim, longe de proteger seus mercados internos, as tarifas acabam desencadeando desequilíbrios macroeconômicos de grandes proporções — e que transcendem fronteiras.
4. A deslegitimação do Estado e o avanço das narrativas extremistas
Além disso, Lula alerta que os impactos econômicos produz efeitos políticos como: a perda de capacidade fiscal dos Estados tem gerado descrédito institucional. Em muitos países, isso impulsiona o crescimento de movimentos extremistas e autoritários.
📊 Crescimento do voto em partidos de extrema-direita (2015–2025)
(Fonte: International IDEA / OCDE)
País | Voto em partidos radicais (%) |
---|---|
EUA | 25% |
Alemanha | 22% |
França | 30% |
Brasil | 19% |
Transição: Ao se tornarem terreno fértil para discursos de ódio e autoritarismo, essas sociedades colocam em risco suas democracias internas e a estabilidade internacional.
5. A injustiça climática: países ricos poluem, pobres pagam a conta
Por outro lado, Lula também dedica parte do texto à crise climática. Segundo ele, os países ricos, historicamente responsáveis pela maior parte das emissões de carbono, continuam falhando em compromissos concretos. Enquanto isso, são os países mais pobres — com pouca contribuição histórica — que sofrem os impactos mais severos: secas, enchentes, colapsos agrícolas e migrações forçadas.

Transição: Por isso, Lula argumenta que a justiça climática exige não só metas de redução, mas também reparações históricas e maior financiamento climático para o Sul Global.
6. Reconstrução do multilateralismo: diplomacia ou colapso global
Enfim, para encerrando o artigo, o presidente brasileiro propõe uma reestruturação profunda das instituições internacionais. Ele defende uma ONU mais democrática, uma OMC mais inclusiva e um FMI menos subordinado aos interesses do G7. Segundo ele, é urgente refundar o sistema multilateral para responder aos desafios do século XXI.
📊 Sub-representação do Sul Global nas principais instituições multilaterais
(Fonte: UNCTAD / Banco Mundial)
Instituição | Participação do Sul Global (%) |
---|---|
FMI | 29% |
OMC | 26% |
ONU (CS) | 20% |
Banco Mundial | 33% |
Transição: Dessa forma, Lula destaca que sem uma arquitetura global mais justa, o mundo não terá meios institucionais para enfrentar seus maiores desafios — da desigualdade às mudanças climáticas. Leia o artigo na íntegra Aqui.
Conclusão: Diplomacia, justiça e reconstrução como alternativas à força bruta
Em síntese, o artigo de Lula representa mais do que uma crítica ao protecionismo de Trump — é uma defesa enfática da ordem internacional baseada na cooperação e na justiça. Ao denunciar a lógica da “lei do mais forte”, o presidente brasileiro propõe um novo pacto global baseado na diplomacia, no multilateralismo reformado e na solidariedade climática e econômica. Em um mundo cada vez mais fragmentado e desigual, sua mensagem é clara: ou retomamos o caminho do diálogo global, ou estaremos fadados ao colapso.
por Mano Graal
Fonte: Revista Forum
Imagens: ChatGPT/Canvas