ECONOMIA RESILIENTE RESISTE AO TARIFAÇO
A economia brasileira em 2025 tem se revelado mais resiliente do que o esperado, contrariando previsões pessimistas e enfrentando, com relativa força, os impactos negativos vindos do exterior. Apesar das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, das pressões do mercado financeiro e do cenário de juros internos ainda muito elevados, o país apresenta sinais de vitalidade. Isso se observa especialmente no crescimento do PIB acima das projeções, na geração de empregos formais em patamares recordes, na moderação gradual da inflação e na produção agropecuária sem precedentes. Assim, ao mesmo tempo em que persistem desafios estruturais, os fundamentos econômicos reforçam um quadro de estabilidade relativa.
Panorama geral da resiliência econômica
Em primeiro lugar, é fundamental destacar que o desempenho econômico atual resulta de uma combinação de fatores interligados. De um lado, há setores em franca expansão, como serviços, agropecuária e transportes. De outro, existem medidas governamentais que contribuem para dar fôlego à população, como os programas de renegociação de dívidas. Portanto, embora a economia não esteja livre de riscos, ela se apoia em bases que conferem maior previsibilidade ao futuro.
1. O que vai bem na resiliente economia brasileira
a) PIB surpreende e projeções sobem
O crescimento do PIB de 1,4% no segundo trimestre de 2025 superou amplamente a expectativa inicial de 0,9% feita pelo mercado financeiro. Além disso, quando se observa o acumulado de 12 meses, o avanço de 2,5% coloca o Brasil entre os países do G20 que mais cresceram no período. Esse resultado decorre não apenas da força dos serviços, mas também da recuperação da indústria de transformação, sobretudo em segmentos como automotivo e bens de capital.
📊 Tabela 1 – Crescimento do PIB no G20 (2025)
País | Crescimento (%) |
---|---|
Brasil | 2,5 |
China | 4,8 |
EUA | 1,7 |
Alemanha | 0,9 |
México | 1,8 |
Assim, diante desse cenário, a Secretaria de Política Econômica revisou sua projeção para 2025, passando de 2,4% para 2,5%. O Boletim Focus, embora mais conservador, também aponta alta relevante de 2,21%, mostrando que o consenso do mercado se alinha gradualmente às expectativas mais otimistas.
b) Mercado de trabalho em recordes históricos
Outro ponto que merece destaque à economia resiliente é o mercado de trabalho, que tem se consolidado como um dos principais motores da recuperação. A taxa de desemprego caiu para 5,8%, a menor da série histórica iniciada em 2012. Isso significa que milhões de brasileiros conseguiram se inserir novamente no mercado formal, elevando não apenas o consumo, mas também a confiança na economia.
📍 Mapa 1 – Taxa de desemprego por estado (2025, 2º tri)
- Menores taxas: SC (2,2%), RO (2,3%), MT (2,8%).
- Maiores taxas: PE (10,4%), BA (9,1%), DF (8,7%).
Adicionalmente, segundo o Caged, o país gerou 1,22 milhão de empregos formais apenas no primeiro semestre. Destaca-se ainda a maior participação de mulheres e de beneficiários do CadÚnico, mostrando avanços na inclusão social e no combate à desigualdade.
c) Saída de famílias do Bolsa Família
Como consequência direta do aumento da renda e da expansão do emprego formal, 958 mil famílias deixaram o Bolsa Família em julho de 2025. Esse movimento reflete não apenas uma melhora conjuntural, mas também um processo de inclusão produtiva que reduz a dependência de programas assistenciais. Portanto, a queda para 19,6 milhões de famílias beneficiárias representa um marco desde a reformulação do programa em 2023.
d) Safra recorde fortalece agro e logística
No campo, a notícia também é positiva. A safra recorde estimada em 340,5 milhões de toneladas é 16,3% superior à de 2024 e consolida o Brasil como potência agrícola mundial. Isso gera impactos em cadeia, impulsionando a indústria de insumos, a exportação de grãos e o setor de transportes, que registrou aumento expressivo no volume de cargas.

e) Real valorizado e impacto positivo na inflação
O real também se destaca em 2025 ao registrar valorização de 10,1% frente ao dólar, ficando entre as quatro moedas que mais se fortaleceram no mundo. Essa valorização contribui para reduzir custos de importações e aliviar pressões inflacionárias, sobretudo em bens de consumo duráveis e combustíveis.
f) Inflação em desaceleração gradual
No que se refere à inflação, observa-se um movimento de moderação. Embora a alta da energia elétrica (3%) tenha pressionado o grupo habitação, a queda nos preços dos alimentos (-0,69%) trouxe alívio significativo para famílias de baixa renda. Dessa forma, o IPCA acumulado em 12 meses ficou em 5,23%, com expectativa de encerrar 2025 em 4,9%, ainda acima do teto da meta, mas em trajetória descendente.
g) Reconhecimento internacional
Por fim, a economia resiliente é fruto, também, da postura firme do governo brasileiro diante das tarifas unilaterais dos EUA foi elogiada por economistas renomados como Joseph Stiglitz e Paul Krugman. Para eles, a defesa do Estado de Direito e a disposição para retaliações calculadas reforçam a credibilidade internacional do Brasil.
2. O que ainda preocupa na economia brasileira
a) Inadimplência em alta
Em contrapartida, um dos maiores desafios continua sendo o endividamento. O número de inadimplentes atingiu 76,6 milhões de pessoas, o maior nível desde 2016. Embora programas como o Desenrola Brasil e o Consignado CLT tenham sido implementados, os resultados ainda são insuficientes para conter a pressão sobre o consumo das famílias.
b) Indústria avança, mas com sinais de fragilidade
Ainda que a produção industrial tenha avançado 0,1% em junho, o setor permanece 15,1% abaixo do pico de 2011. O programa Nova Indústria Brasil (NIB), com investimentos de R$ 300 bilhões até 2026, é uma tentativa de recuperar competitividade. Entretanto, os efeitos de médio e longo prazo ainda são incertos.
c) Juros altos inibem consumo e investimento
A taxa Selic em 15% ao ano se mantém como obstáculo ao crédito, encarecendo financiamentos e travando novos investimentos. Embora o Banco Central alegue cautela diante das incertezas externas e da inflação persistente, empresas e famílias sentem fortemente esse peso no orçamento.
d) Tarifas de Trump elevam incertezas
Somado a isso, o tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras para os EUA ameaça a competitividade de setores-chave como aço, soja e manufaturados. O plano de R$ 30 bilhões anunciado pelo governo Lula busca amenizar os impactos, mas a confiança de investidores ainda oscila diante da instabilidade.
Conclusão
Em conclusão, o ano de 2025 tem mostrado que a economia brasileira tem sido resiliente conseguindo resistir a choques internos e externos, sustentada por crescimento do PIB, mercado de trabalho robusto, safra agrícola recorde e câmbio valorizado. Contudo, os desafios persistem, especialmente na inadimplência, nos juros elevados e no impacto das tarifas norte-americanas. Portanto, o grande desafio do governo será manter o equilíbrio entre crescimento e estabilidade, garantindo que os avanços recentes não se percam diante das turbulências internacionais e dos gargalos domésticos.
por Mano Graal
Fonte: ICLNotícias
Imagens: FreePik / ChatGPT