PIX GLOBAL DO BRICS AUMENTA TENSÃO COM OS EUA

O BRICS, bloco econômico formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ampliou-se recentemente com a adesão de Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, consolidando um grupo com grande peso geopolítico e econômico global. Nesse contexto, o bloco acelerou a implementação do BRICS Pay, também chamado de “Pix Global”, um sistema de liquidação financeira inovador que busca reduzir a dependência do dólar nas transações entre os países-membros.

Além disso, o sistema promete transferências mais rápidas, seguras e com custos significativamente menores, utilizando tecnologias modernas como blockchain, QR codes, carteiras digitais e comunicação direta entre bancos centrais. Portanto, o Pix Global não apenas representa uma inovação tecnológica, mas também uma estratégia de fortalecimento da autonomia financeira e integração econômica do bloco.

Entretanto, essa iniciativa gera crescentes tensões com os Estados Unidos, que enxergam o projeto como uma ameaça direta à supremacia do dólar no comércio internacional, aumentando o risco de atritos geopolíticos.

O que é o BRICS Pay?

O BRICS Pay funciona como um sistema de pagamentos descentralizado voltado a facilitar transações entre os países-membros. Para isso, utiliza o Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), desenvolvido pela Universidade Estatal de São Petersburgo, tecnologia que permite processar até 20 mil mensagens por segundo, garantindo segurança e velocidade.

Diferentemente do sistema SWIFT, que é controlado por bancos ocidentais e sujeito a sanções externas, o BRICS Pay opera sem um controlador central, o que garante maior independência, resiliência e menor vulnerabilidade a interferências externas.

CaracterísticaBRICS PaySWIFT
CentralizaçãoDescentralizadoCentralizado
Capacidade20.000 transações por segundoVaria conforme infraestrutura do banco
Interferência externaBaixaAlta
TarifasSem tarifas obrigatóriasVariáveis

Portanto, o BRICS Pay representa não apenas um avanço tecnológico, mas também um instrumento de autonomia financeira, especialmente importante para países sujeitos a sanções econômicas ou pressão externa.

Tecnologias e integração com sistemas nacionais

Para assegurar eficiência e interoperabilidade, o BRICS Pay utiliza blockchain, QR codes e carteiras digitais. Além disso, integra-se aos sistemas de pagamento instantâneo nacionais, como:

PaísSistema de pagamentoPrincipais características
BrasilPix227 milhões de transações diárias em setembro de 2025, transferências instantâneas
RússiaSBPTransferências por número de telefone, usado por mais de 200 instituições financeiras
ÍndiaUPIInterface unificada, forte adesão desde 2010
ChinaIBPSSuporte a transferências em yuan via múltiplos canais
África do SulPayShapPagamentos instantâneos entre bancos locais

Essa integração é desafiadora, exigindo harmonização de protocolos, regulamentações e segurança digital, mas a digitalização de moedas nacionais, como o Drex no Brasil, pode facilitar o processo. Além disso, a integração permitirá que os países realizem transações em suas moedas locais, reduzindo a dependência do dólar.

Impacto econômico e geopolítico

O BRICS Pay promete transformar o comércio global ao reduzir custos e aumentar a competitividade entre empresas dos países-membros. Para o Brasil, o sistema abre novas oportunidades comerciais, especialmente nos setores de agronegócio, mineração e energia, ao permitir transações diretas em moedas locais como yuan e rúpia, diminuindo perdas cambiais e aumentando margens de lucro.

Segundo especialistas, o BRICS Pay poderá movimentar centenas de bilhões de dólares até 2030, tornando-se uma alternativa viável ao SWIFT. Além disso, o sistema fortalece instituições como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que pretende criar uma linha de garantia multilateral, reduzindo riscos em operações financeiras. Veja a segui as projeção de transações BRICS Pay 2025–2030 (em bilhões USD)

Assim, a plataforma não só reduz custos, mas também fortalece a resiliência econômica do bloco frente a crises e sanções internacionais.

Reação dos Estados Unidos

Os Estados Unidos veem o BRICS Pay como ameaça direta à hegemonia do dólar. O presidente Donald Trump classificou o bloco como “grupo antiamericano” e ameaçou impor tarifas de 10% sobre importações de países-membros, elevando ainda mais a pressão sobre a economia brasileira e outras nações.

Além disso, o governo norte-americano aumentou para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros e iniciou investigação sobre o Pix, alegando discriminação contra empresas dos EUA. Para Washington, reduzir o papel do dólar no comércio internacional representa risco direto à supremacia econômica norte-americana, e a disputa pelo BRICS Pay torna-se um novo capítulo da rivalidade global entre potências emergentes e os EUA.

Defesa do sistema pelos países-membros

Apesar da pressão externa, os países do BRICS defendem o BRICS Pay como uma prioridade estratégica. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a plataforma é essencial para a autonomia financeira e que o país não aceitará pressões externas para abandonar a iniciativa.

Rússia e China lideram os testes iniciais, utilizando transações bilaterais em moedas locais, o que demonstra que o sistema já possui viabilidade técnica e potencial econômico. Para os especialistas, a consolidação do BRICS Pay representa um passo decisivo rumo a um sistema financeiro global mais multipolar.

Conclusão

O BRICS Pay simboliza uma mudança histórica na lógica do comércio internacional, ao reduzir a dependência do dólar e promover maior autonomia financeira entre os países-membros.

Embora enfrente desafios técnicos e pressões externas, a plataforma tem o potencial de transformar o sistema financeiro global, abrindo novos mercados, barateando exportações e fortalecendo laços comerciais entre os membros do bloco.

Além disso, a reação dos EUA evidencia que o BRICS Pay marca o aprofundamento da rivalidade geopolítica global, representando um passo decisivo para consolidar um comércio mais multipolar e tecnologicamente avançado.

por Mano Graal

Fonte: ICL Notícias

Imagens: Educar+Brasil