Impactos do retorno de Trump sobre Ações brasileiras

Com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, os mercados globais estão, portanto, atentos aos impactos potenciais em várias economias, incluindo a brasileira. Nesse contexto, empresas que têm atividades ligadas ao mercado americano podem ver suas ações influenciadas por políticas e posturas econômicas que Trump possivelmente implementaria. A seguir, destacam-se setores e empresas que tendem a ser beneficiados, enquanto, por outro lado, outros podem enfrentar desafios que possam ser considerados.

1. Setores e Ações que Podem Ganhar

a) Exportadoras de commodities

Vale (VALE3)
A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, se destaca pelo foco na exportação de minérios de ferro e outros recursos minerais para o exterior. Com Trump, espera-se um ambiente mais favorável ao setor industrial nos EUA, incluindo a produção de aço. Como resultado, a demanda por minério de ferro poderia aumentar, beneficiando as exportações da Vale.

Petrobras (PETR4)
O petróleo também pode se valorizar em um ambiente com políticas menos rígidas em relação à energia tradicional, como seria o caso sob Trump. A Petrobras, que possui uma forte participação na exportação de petróleo, poderia ver seus preços de venda e exportação crescerem. Além disso, a valorização do dólar frente ao real, comum em políticas protecionistas americanas, aumentaria o valor das exportações.

b) Agronegócio

BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3)
As empresas de proteína animal, como BRF e JBS, poderiam ganhar com a possível revalorização do dólar frente ao real. Além disso, Trump tende a reduzir a burocracia nas importações americanas, favorecendo a entrada de produtos brasileiros, especialmente carne bovina e suína. Essa maior facilidade pode beneficiar empresas que exportam diretamente para o mercado americano.

2. Setores e Ações que Podem Perder

a) Empresas de Tecnologia

Totvs (TOTS3)
O setor de tecnologia geralmente perde com a valorização do dólar e uma política protecionista. Empresas como a Totvs, que possuem parte de suas operações em dólar podem envolver o mercado internacional, enfrentando dificuldades caso Trump restrinja ainda mais a entrada de produtos e serviços estrangeiros. Além disso, uma eventual alta dos juros nos EUA pode reduzir o acesso ao crédito para expansão, impactando empresas que dependem de financiamento externo.

Apple (AAPL34)

A vitória de Donald Trump pode trazer desafios para a Apple, especialmente em termos de políticas comerciais e de regulamentação. Durante sua administração anterior, Trump introduziu uma postura dura em relação à China, o que resultou em tarifas mais altas sobre produtos importados e pressão sobre empresas norte-americanas para reduzir sua dependência da fabricação chinesa. Como a Apple possui grande parte de sua produção na China, um aumento de tensões comerciais poderia aumentar os custos de produção ou até mesmo forçar a empresa a mudar sua cadeia de suprimentos, algo caro e complexo.

a) Empresas de Varejo

Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3)
Empresas do setor de varejo com operações de e-commerce internacional, como Lojas Renner e Magazine Luiza, poderiam enfrentar desafios, uma vez que produtos importados podem ficar mais caros com um dólar mais forte. Esse aumento nos custos afeta diretamente o poder de compra e a competitividade das empresas no mercado.

3. Impacto na Cadeia Logística e Infraestrutura

Rumo (RAIL3)
A Rumo, uma das maiores empresas de logística ferroviária no Brasil, também depende do comércio internacional. Se Trump optar por políticas mais protecionistas, o comércio entre Brasil e EUA poderá diminuir, impactando a necessidade de serviços logísticos, especialmente na exportação de produtos agrícolas. Como resultado, Rumo poderia ver uma demanda menor por seus serviços.

4. Impacto no Setor Financeiro

a) Bancos

Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3)
Os bancos brasileiros podem ser impactados negativamente por uma economia global menos previsível, especialmente se o dólar se fortalecer e as taxas de juros nos EUA subirem. Para instituições como Itaú e Banco do Brasil, isso pode significar maiores custos de captação e volatilidade em investimentos estrangeiros. Esse cenário de alta volatilidade geralmente desagrada os investidores, o que pode impactar a avaliação das ações desses bancos.

b) Empresas com Dívidas em Dólar

Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4)
O setor aéreo, especialmente empresas como Azul e Gol, que têm grande parte de suas dívidas em dólar, tendem a ser impactadas em um cenário de dólar valorizado. Com Trump na presidência, existe o risco de que a moeda americana se valorize ainda mais, aumentando os custos com combustível e financiamento dessas empresas.

5. Perspectiva para Investidores

De modo geral, a volta de Trump ao governo americano poderá desencadear efeitos variados nos mercados emergentes, especialmente para o Brasil. Setores focados em exportações e commodities podem ganhar, enquanto empresas com forte exposição ao câmbio ou dependentes de importação enfrentam riscos.

Conclusão

Em resumo, embora algumas empresas brasileiras, como Vale e JBS, possam ter um cenário mais positivo, outras, principalmente as voltadas para tecnologia e consumo, podem enfrentar um ambiente mais desafiador. Para os investidores, é fundamental monitorar atentamente as políticas econômicas que Trump poderá adotar, avaliando os possíveis impactos e ajustando suas carteiras conforme necessário.