Retrospectiva do Mercado Financeiro Brasileiro: Setembro a Dezembro de 2024

Para finalizar a série de matérias sobre  retrospectiva do mercado financeiro brasileiro, é possível antecipar que o último quadrimestre de 2024 foram marcados por eventos significativos no mercado financeiro brasileiro, refletindo tanto os desafios quanto as oportunidades da economia. Nesse sentido, a retrospectiva do mercado financeiro de setembro a dezembro mostra oscilações importantes em indicadores como a taxa Selic, o câmbio, o mercado de trabalho e nos investimentos em renda fixa e variável. Este texto analisa, em detalhes, os principais acontecimentos e suas implicações.

Setembro: Ajustes e Perspectivas de Crescimento

A princípio, a retrospectiva do mercado financeiro em setembro de 2024, o mercado financeiro brasileiro enfrentou desafios significativos, refletidos em diversos indicadores econômicos apontados a seguir.

  • Economia e Mercado de Trabalho: O mês foi marcado por sinais de reaquecimento econômico. Dados do IBGE indicaram um aumento de 0,9% no PIB no terceiro trimestre frente ao segundo, impulsionado pela indústria e pelo agronegócio. País gerou 247.818 vagas em setembro e acumula 1.981.557. A taxa de desemprego caiu para 6,4%, o menor índice desde 2015.
  • Taxa Selic: O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a Selic para 10,75% ao ano, refletindo um controle mais efetivo da inflação, que encerrou o mês em 3,43% no acumulado de 12 meses.
  • Dólar: O dólar apresentou volatilidade, fechando a R$ 5,44 devido às expectativas de ajuste fiscal e à alta nas commodities exportadas pelo Brasil.
  • Investimentos: A renda fixa continuou atraente com títulos atrelados à inflação oferecendo retornos acima de 6% reais. Em contraste, a bolsa registrou quedas pontuais, com o Ibovespa encerrando o mês em 115 mil pontos.

Outubro: Estabilidade e Reformas Estruturais

Já o mês de outubro, retrospectiva do mercado financeiro brasileiro apresentou sinais mistos

  • Economia e Mercado de Trabalho: Outubro trouxe estabilidade macroeconômica e avanço em reformas fiscais, como a PEC da Reforma Tributária, aprovada no Senado. O mercado de trabalho manteve a tendência positiva, com 132, 714 mil novas vagas formais.
  • Taxa Selic: A Selic foi mantida em 10,75%, reforçando o cenário de desaceleração inflacionária.
  • Dólar: O câmbio fechou em R$ 5,70, influenciado por um fluxo cambial positivo devido ao aumento das exportações e ao apetite de investidores estrangeiros.
  • Investimentos: Na renda variável, o Ibovespa subiu 3,2%, alcançando 119 mil pontos, impulsionado por setores como energia e consumo. Em renda fixa, as LFTs continuaram populares devido à previsão de cortes adicionais na Selic.

Novembro: Tensões e Recuperação

Quanto ao desempenho do mercado financeiro em novembro trouxe a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano de 3,42% para 3,49% .

  • Economia e Mercado de Trabalho: O quarto trimestre começou com preocupações ligadas à desaceleração global. Ainda assim, a economia brasileira mostrou resiliência, com a geração 106,600 mil vagas formais e o desemprego reduzido para 6,1% e crescimento na construção civil, com destaque para os setores de Comércio e Serviços.
  • Taxa Selic: O Copom altera a Selic para 11,25%, indicando cautela diante do cenário internacional e das metas de inflação para 2025.
  • Dólar: A moeda americana subiu para R$ 6,05, refletindo a aversão ao risco global e tensões no Oriente Médio.
  • Investimentos: Apesar da tensão externa, o Ibovespa recuperou-se após quedas iniciais, fechando em 120 mil pontos. A renda fixa seguiu atrativa, especialmente os títulos prefixados.

Dezembro: Decepcionante para o Mercado Financeiro

Enfim, emEm dezembro de 2024, o mercado financeiro brasileiro registrou um desempenho decepcionante, com o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, desvalorizando para cerca de 120 pontos.

  • Economia e Mercado de Trabalho: O mês trouxe alívio com a confirmação de que o PIB anual cresceu 3,4%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
  • Alcançamos a menor taxa de desemprego da história. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, elaborada pelo IBGE, o percentual saiu de 7,8% no trimestre encerrado em fevereiro, para 6,1% no período entre setembro e novembro deste ano, que representa o menor patamar da série histórica iniciada em 2012.
  • Taxa Selic: A última reunião do Copom no ano levou a Selic para 12,25%, reforçando a preocupação com as contas públicas e a tendência inflacionária.
  • Dólar: O câmbio chegou a alcançar R$ 6,20, com a saída de capital estrangeiro para outros mercados.
  • Investimentos: O Ibovespa encerrou 2024 em 120 mil pontos, acumulando baixa de 4% no ano. A renda fixa, embora menos lucrativa, manteve atratividade para investidores conservadores.

Conclusão

Enfim, de setembro a dezembro de 2024, o Brasil viveu um período de transição e consolidação econômica. Os aumentos sucessivos na taxa Selic não freou a retomada do crescimento econômico e do mercado de trabalho. Além disso, em referência ao equilíbrio cambial, o país encerrou o ano com sinais negativos. Contudo, para investidores, a diversificação foi essencial, equilibrando oportunidades em renda fixa e variável.

Nesse sentido, o contexto é promissor para 2025, embora desafios no cenário global ainda exijam cautela e planejamento. Além disso,  a combinação entre dólar mais alto e limitações na oferta de alguns produtos deve fazer os preços dos alimentos subirem acima da inflação geral, apesar das expectativas de uma safra recorde de grãos em 2025.