Selic de 13,25% prejudica economia brasileira
A nova Selic, que foi anunciada na última quarta-feira, 29 de janeiro de 2025, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, prejudica o crescimento da economia brasileira. Ela impacta diretamente o custo do crédito e do consumo das famílias brasileiras. Além disso, haverá também consequências sobre vários setores da produção nacional.
Outro fator que preocupa é a promessa de novas altas. Isso porque, ao fim de 2024, o Copom sinalizou que aumentaria a taxa básica de juros do Brasil em 1 ponto percentual (p.p.) nas duas primeiras reuniões de 2025. Nesse sentido, projeta-se uma Selic de 14,25% até março deste ano. Com isso, o aumento para 13,25% abre uma trajetória para outras altas. Conforme o Copom, essa medida ajusta as condições monetárias e controla a inflação em um contexto econômico desafiador.
Por demonstrar, neste texto, os impactos da nova Selic sobre os vários setores da economia, a opinião deste veículo de comunicação é que, tal elevação, pode negativar a produção econômica do país.
Consequências Econômicas da Alta Selic
a) Controle da Inflação
A principal meta da alta da Selic é conter a inflação, que tem os preços pressionados devido a diversos fatores, incluindo choques externos e internos. Taxas de juros mais altas tendem a reduzir a demanda por bens e serviços, ajudando a conter a inflação ao longo do tempo.
b) Impacto no Custo do Crédito e Consumo
A elevação da Selic encarece o crédito para consumidores e empresas, desestimulando o consumo e investimentos de longo prazo. Isso pode reduzir a demanda agregada e impactar os níveis de crescimento econômico no curto prazo.
Setores Impactados pela Alta Selic
Como veremos a seguir, a nova Selic mais prejudica do que beneficia a economia do Brasil.
a) Setor Financeiro:
Os bancos podem se beneficiar com margens maiores devido aos spreads bancários ampliados.
b) Setor Imobiliário:
Empréstimos para financiamento de imóveis se tornam mais caros, desacelerando o mercado imobiliário.
c) Setor Produtivo:
Empresas enfrentam custos mais elevados de capital, afetando suas decisões de investimento e expansão.
d) Agricultura:
O aumento do custo de financiamento agrícola pode impactar a produção e os preços dos alimentos.
e) Indústria:
Menor acesso ao crédito pode limitar os investimentos em modernização e expansão.
f) Comércio:
Os consumidores tendem a reduzir gastos discricionários, afetando o varejo.
Impactos da Selic em 13,25% sobre os investimentos
A taxa Selic de 13,25% ao ano tem um impacto significativo tanto nos investimentos de renda fixa quanto nos de renda variável . Vamos analisar cada um deles:
a) Renda Fixa
Títulos pós-fixados (Tesouro Selic, CDBs, LCIs, LCAs):
Se beneficiam diretamente, pois são atrelados à Selic ou ao CDI, que acompanham de perto a taxa básica. Isso significa que quanto maior a Selic, maior será a rentabilidade desses investimentos.
Títulos prefixados:
Com a Selic alta, o mercado exige taxas mais atrativas para esses papéis, ou que pode desvalorizar títulos adquiridos anteriormente a taxas menores. Por outro lado, pode ser um bom momento para investir se o investidor acreditar que a Selic vai cair no futuro.
Tesouro IPCA+:
Como esses títulos correspondem a uma taxa fixa com a variação da inflação, sua atratividade depende da expectativa futura da Selic e da inflação. Se a Selic cair, esses títulos podem se valorizar no mercado secundário.
b) Renda Variável
Ações na Bolsa de Valores:
Uma Selic alta torna os investimentos de renda fixos mais atrativos e seguros, levando muitos investidores a migrarem para esses ativos. Isso pode reduzir a demanda por ações, enviando os preços para baixo.
Fundos Imobiliários (FIIs):
Com a Selic alta, os rendimentos dos FIIs podem perder atratividade frente aos produtos de renda fixa, reduzindo o interesse dos investidores e impactando suas cotações.
Empresas individualizadas:
Companhias que dependem de financiamentos sofrem mais, pois o custo da dívida fica mais caro, impactando o lucro e podendo reduzir dividendos. Setores como varejo e construção civil são particularmente afetados.
Empresas pagadoras de dividendos:
Algumas empresas, como serviços públicos (energia, saneamento), recebem mais benefícios, pois oferecem dividendos altos, que podem se tornar uma alternativa interessante frente à fixação de renda.
Conclusão
Em suma, a decisão iminente do Copom de elevar a Selic para 13,25% reflete uma estratégia para conter a inflação, mas traz implicações significativas para a economia brasileira. Por isso, ao mesmo tempo em que beneficia o controle inflacionário e fortalece o sistema financeiro, também pode desacelerar o crescimento e impactar diversos setores produtivos e de consumo. Portanto, a interpretação correta dessas ações é crucial para que investidores e agentes econômicos ajustem suas estratégias em resposta às condições de mercado alteradas pela política monetária.
Por Mano Graal