Tarifaço pode antecipar fim do dólar como reserva global?

A reputação do dólar americano como moeda de reserva global e refúgio seguro para os investidores internacionais está sob ameaça. A avaliação vem de grandes gestores de fundos, como Bob Michele, da JPMorgan Asset Management, e Bert Flossbach, da gestora alemã Flossbach von Storch. A causa dessa mudança de percepção? A política econômica e tarifária adotada por Donald Trump, que reacendeu temores sobre a estabilidade dos ativos norte-americanos e levantou dúvidas sobre o futuro do dólar como pilar do sistema financeiro mundial.

Tarifa sobre tarifa: o início do declínio

Após o anúncio das chamadas tarifas “recíprocas” impostas por Trump a diversos países, o dólar começou a apresentar sinais claros de fraqueza. Em 11 de abril, a moeda caiu ao seu menor nível em três anos frente ao euro, marcando um ponto de inflexão que preocupou investidores. A reação dos mercados foi imediata: venda generalizada de ações, títulos do Tesouro e do próprio dólar. Além disso, o movimento foi interpretado por analistas como um sinal de perda de confiança nas políticas econômicas dos Estados Unidos.

A crítica dos gestores de grandes fundos

Bob Michele, da JPMorgan, destacou que as ações de Trump colocam em xeque o excepcionalismo americano. Segundo ele, a economia dos EUA sempre ofereceu um porto seguro para investidores devido à sua estabilidade política, jurídica e institucional. No entanto, com medidas protecionistas agressivas e ataques às instituições, como o Federal Reserve, essa confiança começa a ruir.

Bert Flossbach endossou a análise e chamou a política tarifária do ex-presidente de “caótica”, alertando que ela mina o status dos EUA como destino confiável para capitais globais.

Desconfiança generalizada no mercado

A queda do dólar coincidiu com a elevação dos rendimentos dos títulos de longo prazo do Tesouro americano, um sinal claro de fuga de capital. Segundo Mike Riddell, da Fidelity International, esse tipo de movimento lembra padrões financeiros de épocas em que os EUA enfrentaram sérias crises de confiança.

O mercado está reagindo não apenas às tarifas, mas também à percepção de que os EUA estão abdicando de sua liderança global previsível e estável, trocando-a por uma postura mais agressiva e unilateral.

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A pressão sobre o Federal Reserve

Outro ponto de tensão é a tentativa de Trump de influenciar diretamente o Federal Reserve. As ameaças contra a independência do banco central alimentam ainda mais a instabilidade. Investidores temem que decisões técnicas passem a ser dominadas por interesses políticos de curto prazo, corroendo a credibilidade de uma das instituições mais importantes da economia global.

Um sistema financeiro global mais multipolar

Edward Fishman, autor de Chokepoints, sugere que a crise atual pode acelerar a transição para um sistema financeiro multipolar. Nesse novo cenário, o euro, o yuan e outras moedas podem ganhar mais espaço como reservas internacionais, diminuindo o protagonismo do dólar.

Historicamente, crises globais fortalecem o dólar, já que os investidores buscam segurança em ativos americanos. Mas a atual dinâmica é diferente: o próprio governo dos EUA está criando incertezas, afastando capital em vez de atraí-lo.

A controvérsia sobre um dólar forte

A equipe econômica de Trump já expressou desconforto com a força do dólar. Stephen Miran, conselheiro do presidente, argumentou que o status da moeda como reserva global sobrevalorizava o câmbio e prejudicava as exportações americanas. Embora esse raciocínio tenha lógica do ponto de vista industrial, economistas alertam que enfraquecer propositalmente o dólar pode gerar riscos profundos — inclusive o colapso da confiança internacional nos ativos dos EUA.

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Riscos geopolíticos e as próximas etapas

Michael Krautzberger, da Allianz Global Investors, levantou um ponto crucial: “quanto mais o conflito escala, as pessoas pensam, quais poderiam ser os próximos passos?”. A escalada de tensões comerciais e institucionais gera um ambiente de incerteza que tende a afastar investidores estrangeiros.

A combinação de tarifas protecionistas, interferência política no banco central e o uso de sanções econômicas como armas de pressão diplomática intensifica o medo de que o dólar esteja deixando de ser uma moeda neutra e confiável.

Conclusão: estamos no fim de uma era?

Em síntese, o dólar norte-americano foi, por décadas, o principal ativo de reserva global, sinônimo de segurança em tempos de turbulência. Contudo, as recentes ações da administração Trump abalaram pilares essenciais dessa reputação. O protecionismo, a instabilidade política e o enfraquecimento institucional criam um novo cenário, no qual o dólar pode não mais ocupar o trono absoluto que sustentou por tanto tempo.

A fala de Bob Michele resume o sentimento dos gestores: “agora há um bom argumento para o fim do excepcionalismo do dólar americano”. Se esse cenário se consolidar, o mundo financeiro poderá entrar em uma nova era, marcada por uma maior distribuição de poder entre diferentes moedas e blocos econômicos. A confiança no dólar, que antes parecia inabalável, mostra agora sinais de rachadura — e isso pode ter impactos profundos em toda a economia global.

por Mano Graal