Por que os Super-Ricos Investem Mais no Exterior?
Atualmente, entender o comportamento dos investidores super-ricos no Brasil se tornou essencial para compreender as dinâmicas do mercado financeiro. De acordo com Bruno Barino, Country Manager da BlackRock no Brasil, esses investidores tendem, de forma geral, a manter uma alocação internacional mais robusta. Paralelamente, no mercado doméstico, eles priorizam a renda fixa, principalmente devido ao elevado patamar da taxa básica de juros, a Selic.
Portanto, este texto busca explicar, de maneira clara e objetiva, os motivos que levam os super-ricos a adotarem essa estratégia. Para isso, abordaremos aspectos como apetite ao risco, vantagens da diversificação internacional e as razões que sustentam a preferência pela renda fixa no cenário interno.
Por Que os Super-Ricos Investem Mais no Exterior?
Em primeiro lugar, é importante destacar que os investidores ultra-ricos possuem uma característica fundamental: alta liquidez. Consequentemente, isso permite que parte significativa de seus recursos seja direcionada para investimentos no exterior. Essa escolha, contudo, não ocorre de forma aleatória.
- Diversificação: Investir fora do Brasil é uma maneira eficiente de reduzir riscos locais, como instabilidades políticas, econômicas e cambiais.
- Acesso a mercados mais seguros: Países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha e Japão, oferecem mercados mais estáveis e previsíveis.
- Busca por ativos de maior sofisticação: Esses investidores encontram no exterior oportunidades em classes de ativos menos acessíveis no Brasil, como fundos de private equity, venture capital e grandes fundos imobiliários globais.
- Visão de longo prazo: Como esses recursos não fazem parte da reserva de emergência ou do capital necessário no curto prazo, há maior tolerância a oscilações momentâneas, privilegiando retornos consistentes no longo prazo.
Portanto, a decisão de internacionalizar parte do patrimônio não é apenas estratégica, mas também natural diante do perfil e dos objetivos desse público.
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Por Que Preferem Renda Fixa no Brasil?
Por outro lado, quando observamos a alocação no mercado doméstico, nota-se uma clara preferência pela renda fixa. Isso se deve, principalmente, a três fatores:
- Taxa Selic Elevada: Atualmente, o patamar da Selic — que segue entre os maiores do mundo — torna os títulos de renda fixa extremamente atrativos. Dessa forma, o investidor consegue bons retornos com baixo risco.
- Segurança e previsibilidade: Comparado à renda variável, a renda fixa oferece maior estabilidade, fator valorizado na preservação do patrimônio.
- Cenário econômico local: Enquanto o ambiente internacional permite maior apetite por risco, o cenário doméstico — marcado por volatilidade e incertezas fiscais — incentiva alocações mais conservadoras.
Além disso, é válido ressaltar que a renda fixa brasileira, especialmente através de títulos públicos e produtos bancários de baixo risco, entrega retornos reais superiores a muitos ativos globais.
3. A Complexidade do Planejamento Financeiro dos Super-Ricos
Outro ponto fundamental, conforme destaca Bruno Barino, é que a vida financeira dos super-ricos vai muito além da simples gestão de investimentos líquidos. Na verdade, ela abrange ativos fixos, como:
- Imóveis residenciais e comerciais;
- Propriedades rurais, como fazendas;
- Empresas operacionais de diversos setores.
Dessa maneira, o planejamento financeiro precisa ser muito mais sofisticado. Ele inclui, além da gestão dos investimentos, tópicos como planejamento tributário, proteção patrimonial, blindagem jurídica e, sobretudo, planejamento sucessório.
Assim, o papel dos multi-family offices se torna indispensável, oferecendo uma gestão que vai “do tijolo ao dinheiro”, como enfatiza Barino.
4. O Erro do Market Timing: Uma Armadilha para Qualquer Investidor
Adicionalmente, é crucial entender que, mesmo entre os super-ricos, há o alerta contra uma prática muito comum no mercado: o market timing, ou seja, tentar prever o melhor momento para comprar ou vender ativos.
Segundo Barino, essa estratégia costuma ser altamente ineficiente. Inclusive, diversos estudos comprovam isso. Como exemplo, a gestora americana Fidelity identificou que os investidores que obtiveram os melhores retornos foram justamente aqueles que esqueceram que tinham investimentos. Isso inclui contas de investidores falecidos, usuários que perderam o acesso ou simplesmente esqueceram que tinham recursos aplicados.
Portanto, quanto mais longo o horizonte e menor a interferência no portfólio, melhores tendem a ser os resultados. Por isso, os super-ricos evitam ficar tentando acertar o “pico da alta” ou o “fundo da baixa”, optando por estratégias bem estruturadas e de longo prazo.
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5. O Papel dos Family Offices e Multi-Family Offices
Para gerenciar tamanha complexidade, os super-ricos recorrem aos family offices. Basicamente, esses são escritórios particulares responsáveis pela administração de todo o patrimônio de uma única família.
Por outro lado, quando falamos dos multi-family offices, tratam-se de estruturas que atendem diversas famílias simultaneamente, compartilhando expertise, tecnologia e soluções financeiras.
Um exemplo notório é o family office da família Moreira Salles, proprietária do Itaú, que administra mais de R$ 54 bilhões através da Brasil Warrant Gestão de Investimentos (BWGI).
Portanto, essas estruturas são fundamentais não apenas para a gestão de investimentos, mas também para planejamento sucessório, governança familiar, filantropia e preservação do legado.
Gráfico Comparativo – Taxa Selic vs. Taxa de Juros Global
Ano | Selic Brasil (%) | Juros EUA (%) | Juros Europa (%) |
---|---|---|---|
2020 | 2,00 | 0,25 | 0,00 |
2022 | 13,75 | 4,50 | 2,50 |
2024 | 10,50 | 5,25 | 4,00 |
Fonte: Banco Central do Brasil e Fed (dados de 2024)
Este gráfico ilustra como, mesmo com altas globais, a taxa Selic permanece significativamente superior, explicando a atratividade da renda fixa local.
Conclusão
Em síntese, os super-ricos brasileiros adotam uma estratégia clara e bem fundamentada. Por um lado, buscam segurança, estabilidade e bons rendimentos através da renda fixa no Brasil, beneficiando-se do elevado patamar da Selic. Por outro lado, alocam uma parte considerável de seu patrimônio no exterior, visando diversificação, acesso a ativos globais e mitigação de riscos locais.
Além disso, essa gestão patrimonial exige um nível de sofisticação que vai muito além das finanças convencionais, englobando desde bens tangíveis, como imóveis e empresas, até aspectos intangíveis, como sucessão e governança familiar.
Por fim, fica evidente que, seja no Brasil ou no exterior, a estratégia central dos super-ricos está baseada na disciplina, visão de longo prazo e na rejeição às armadilhas do curto prazo, como o market timing. Afinal, preservar, multiplicar e transferir patrimônio exige mais do que simplesmente investir — exige planejamento inteligente e gestão profissional.
por Mano Graal
Fonte: IstoÉ Dinheiro