Inflação desacelera ainda mais

A inflação brasileira desacelerou para 0,26% em maio, marcando um recuo de 0,17 ponto percentual (p.p.) em relação a abril (0,43%). Este resultado, divulgado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, é influenciado por dinâmicas variadas entre os grupos de produtos e serviços, com destaque para a alta em Habitação e a desaceleração em Alimentação e Bebidas.

A Influência Multifacetada nos Dados de Maio

O cenário inflacionário de maio foi, em grande parte, moldado pela dinâmica dos grupos de produtos e serviços essenciais. Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IPCA, ressalta que os três grupos de maior peso no índice – Alimentação e Bebidas, Habitação e Transportes – desempenharam papéis compensatórios. A desaceleração dos preços em Alimentação e Bebidas, que recuaram de 0,82% em abril para 0,17% em maio, juntamente com a queda em Transportes, que saiu de 0,37% em abril para uma deflação em maio, conseguiram contrabalancear o avanço significativo em Habitação, que subiu 1,19%. Esta interação resultou na desaceleração do índice geral.

Habitação: O Principal Vetor de Impacto

O grupo Habitação apresentou um salto notável, passando de 0,14% em abril para 1,19% em maio. A energia elétrica residencial foi o principal motor dessa alta, com um aumento expressivo de -0,08% em abril para 3,62% em maio, contribuindo com 0,14 p.p. para o índice geral. Gonçalves explica que, além de reajustes em algumas regiões pesquisadas e aumentos nas alíquotas de PIS/COFINS, a bandeira tarifária amarela esteve vigente durante todo o mês de maio, adicionando R$ 1,885 à conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Este cenário ilustra a sensibilidade do IPCA a mudanças nas políticas regulatórias e nos custos de infraestrutura.

Alimentação e Bebidas: Alívio para o Consumidor

Em contrapartida, o grupo Alimentação e Bebidas trouxe um alívio significativo, variando 0,17% em maio, a menor variação mensal desde agosto de 2024, quando registrou deflação de 0,44%. A queda nos preços de itens como tomate (-13,52%), arroz (-4,00%), ovo de galinha (-3,98%) e frutas (-1,67%) impulsionou este resultado. Contudo, alguns produtos ainda registraram alta, como a batata-inglesa (10,34%), a cebola (10,28%), o café moído (4,59%) e as carnes (0,97%). Gonçalves detalha que a queda do tomate se deve ao aumento da oferta pela safra de inverno, enquanto a batata-inglesa e a cebola enfrentam desafios de oferta e importação, respectivamente.

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Análise Acumulada e Perspectivas Futuras

Olhando para o panorama mais amplo, a inflação acumulada no ano atinge 2,75%, e nos últimos 12 meses, o índice chega a 5,32%. Embora ainda acima da meta central de inflação estabelecida pelo Banco Central, a desaceleração mensal em maio oferece um respiro. A estabilização e, em alguns casos, a queda nos preços dos alimentos são fatores cruciais para a capacidade de compra das famílias, especialmente aquelas de menor renda, que destinam uma parcela maior de seu orçamento para este grupo.

Tabelas e Gráficos de Suporte

Para melhor visualização dos dados, apresentamos as seguintes informações:

Tabela 1: Variação Mensal do IPCA por Grupo Principal (Abril x Maio)

GrupoVariação em Abril (%)Variação em Maio (%)Impacto em Maio (p.p.)
Alimentação e Bebidas0,820,170,04
Habitação0,141,190,18
Transportes0,37(Queda)(Compensatório)
Índice Geral (IPCA)0,430,260,26

Tabela 2: Destaques de Preços no Grupo Alimentação e Bebidas em Maio

ItemVariação em Maio (%)
Tomate-13,52
Arroz-4,00
Ovo de Galinha-3,98
Frutas-1,67
Batata-inglesa10,34
Cebola10,28
Café Moído4,59
Carnes0,97

Gráfico 1: Evolução da Inflação Mensal (IPCA) – Últimos 3 Meses

Conclusão

A desaceleração da inflação em maio, para 0,26%, é um sinal positivo, indicando um alívio nas pressões sobre os preços no Brasil. Embora o grupo Habitação tenha exercido uma influência altista significativa, impulsionado pela energia elétrica, a contenção observada em Alimentação e Bebidas, e a queda nos Transportes, foram cruciais para o resultado geral. No entanto, o acumulado em 12 meses ainda se mantém em patamares elevados, exigindo atenção contínua das autoridades monetárias. O monitoramento das safras agrícolas e das políticas de importação, juntamente com as bandeiras tarifárias, continuará sendo fundamental para a trajetória da inflação nos próximos meses. Este cenário demonstra a complexidade da gestão econômica, onde múltiplos fatores, tanto internos quanto externos, interagem para moldar o ambiente de preços e impactar diretamente a vida dos brasileiros.

por Mano Graal

Fonte: IBGE