Pré-Sal alcança sucesso na produção de petróleo
A exploração de petróleo no Pré-sal tem transformado a Baía de Guanabara, no coração do Rio de Janeiro, em um retrato vívido da nova realidade do setor energético brasileiro. Diariamente, dezenas de navios petroleiros formam uma longa fila aguardando sua vez para carregar petróleo. Esse congestionamento, embora visualmente impactante, não é resultado de uma crise. Pelo contrário: ele representa o crescimento acelerado da produção do pré-sal, que ultrapassou os limites físicos da infraestrutura portuária nacional. Assim, enquanto o país comemora os recordes de extração, também precisa lidar com os desafios de escoamento e sustentabilidade ambiental.
1. Crescimento acelerado da produção: o papel central do pré-sal
Primeiramente, é essencial compreender a magnitude do avanço na produção de petróleo. Em fevereiro de 2025, o Brasil alcançou o patamar de 3,488 milhões de barris por dia, com 78,8% desse volume vindo da camada do pré-sal. Isso representa um crescimento de 1,2% em relação ao ano anterior e mantém o país entre os dez maiores produtores mundiais.
Além disso, destaca-se o campo de Tupi, que sozinho produz mais de 760 mil barris por dia. Caso esse campo fosse um país, estaria entre os maiores produtores do planeta.
Tabela 1 – Produção de Petróleo no Brasil (2021-2025)
Ano | Produção Total (mil bpd) | Produção do Pré-sal (mil bpd) | % Pré-sal |
---|---|---|---|
2021 | 2.750 | 1.950 | 70,9% |
2022 | 2.900 | 2.150 | 74,1% |
2023 | 3.100 | 2.400 | 77,4% |
2024 | 3.350 | 2.650 | 79,1% |
2025 | 3.488 | 2.750 | 78,8% |
📈 Gráfico 1 – Produção total vs Pré-sal (2021-2025):

2. A Baía de Guanabara como gargalo logístico
Diante desse aumento expressivo, tornou-se inevitável o acúmulo de navios petroleiros nos arredores da Baía de Guanabara. Todavia, esse fenômeno escancara um problema de infraestrutura: os portos brasileiros, em especial os do Rio de Janeiro, não têm calado suficiente para receber superpetroleiros do tipo VLCC (Very Large Crude Carrier), que transportam até 2 milhões de barris.
Para mitigar o problema, uma solução engenhosa foi implementada: as operações “Ship-to-Ship” (STS). Nesse sistema, navios menores transportam o petróleo dos FPSOs (unidades flutuantes de produção) até a baía, onde transferem a carga para navios de maior porte ancorados em alto-mar.
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3. A operação “Ship-to-Ship”: solução emergencial, mas delicada
Com regulamentação da ANP e supervisão do IBAMA, a prática STS cresceu quase 40% entre 2020 e 2021. Ela se tornou a principal válvula de escape para o escoamento da produção, ao mesmo tempo em que demanda altíssimo controle operacional. Isso porque cada manobra exige precisão milimétrica, dadas as condições marítimas e os riscos envolvidos.
Entretanto, ainda que funcional, essa estratégia não resolve o problema estrutural de longo prazo, e sim o contorna.
4. Riscos ambientais e segurança na baía: a sombra dos cascos abandonados
Simultaneamente ao aumento da atividade portuária, surge um alerta ambiental: a Baía de Guanabara é uma área ecologicamente sensível. Com o fluxo intenso de embarcações, cresce o risco de vazamentos de óleo, o que pode comprometer seriamente a biodiversidade local.
Outro agravante é a presença de dezenas de embarcações abandonadas, que formam o que especialistas chamam de “cemitério de navios”. Tais estruturas flutuantes representam obstáculos imprevisíveis, como demonstrado pelo acidente com o navio São Luiz, que colidiu com a Ponte Rio-Niterói em 2022.
5. Exportações em alta, mas com contradições na estratégia energética
Embora o Brasil esteja exportando volumes históricos de petróleo — com receita de US$ 44,8 bilhões em 2024 —, permanece como importador de derivados, especialmente o diesel. Isso acontece porque a capacidade de refino nacional não acompanhou o crescimento da extração.
Ou seja, o país vende o petróleo cru e compra os produtos refinados, o que revela uma contradição econômica e estratégica.
📊 Gráfico 2 – Exportações de Petróleo do Brasil (2021-2025):

Tabela 2 – Exportações de Petróleo (US$ milhões)
Ano | Valor Exportado |
---|---|
2021 | 32.000 |
2022 | 36.500 |
2023 | 38.800 |
2024 | 42.800 |
2025 | 44.800 |
6. Perspectivas: investimentos robustos, desafios contínuos
Com os olhos voltados para o futuro, a Petrobras anunciou um plano de investimentos de US$ 111 bilhões até 2029, concentrado na ampliação da produção. Paralelamente, a Transpetro planeja investir R$ 2,4 bilhões na renovação de sua frota, com o objetivo de ampliar e modernizar a capacidade logística.
Contudo, a grande incógnita é se essas ações serão suficientes para acompanhar o ritmo vertiginoso da produção no pré-sal.
Conclusão: crescimento que exige cautela e planejamento
Em suma, a imagem dos navios parados na Baía de Guanabara simboliza um dilema moderno: como transformar sucesso econômico em desenvolvimento sustentável? Se por um lado o Brasil colhe os frutos de sua potência energética, por outro, precisa urgentemente superar seus gargalos logísticos, proteger seu ecossistema e repensar sua estratégia de refino.
Somente com planejamento integrado, investimentos contínuos e responsabilidade ambiental será possível consolidar o petróleo do pré-sal como um ativo estratégico para o desenvolvimento de longo prazo do país.
por Mano Graal
Fonte: Click Petróleo e Gás