Conflitos internacionais ameaçam investimentos

Conflitos internacionais, como os recentes ataques dos EUA a instalações nucleares do Irã, os impasses na guerra entre Rússia e Ucrânia e o clima de incerteza global, têm provocado forte volatilidade nos mercados financeiros. Sendo assim, como proteger sua carteira de investimentos em tempos de instabilidade geopolítica?

Em tempos como esses, os investidores mais atentos costumam buscar proteção de portfólio com ativos considerados mais defensivos. A seguir, especialistas do mercado recomendam 19 ações e BDRs — além de um ETF — capazes de preservar valor e até gerar ganhos em meio à instabilidade.

Antes de tomar decisões precipitadas, porém, os analistas alertam: o mais importante é manter a visão de longo prazo, sem se deixar levar pelo pânico momentâneo. Como lembra José Victor Cassiolato, da VICTRIX, “o ideal é considerar ajustes táticos, reforçando ações resilientes e identificando componentes ‘antifrágeis’”. Ou seja, não é hora de reinventar a carteira, mas sim de fortalecer o que já é sólido.

Conforme indicado por especialistas do InfoMoney, os papéis abaixo se destacam em setores resilientes ao risco de conflitos geopolítico:

Petróleo: Benefícios da Alta nas Commodities

Historicamente, tensões no Oriente Médio impactam diretamente o preço do petróleo. Com isso, empresas do setor costumam apresentar desempenho superior.

  • PETR3 (Petrobras) é a principal beneficiada no Brasil com a valorização da commodity.
  • PRIO3 (Prio) apresenta perfil mais ágil e é focada em eficiência operacional.

Além disso, no mercado internacional, BDRs da Chevron (CHVX34) e da Exxon Mobil (EXXO34) também ganham destaque pela alta liquidez e robustez nos dividendos.

Defesa: Aumento Global em Orçamentos Militares

Com a intensificação dos conflitos globais, governos aumentam seus gastos em defesa. Isso impulsiona empresas do setor aeroespacial e militar.

  • NOCG34 (Northrop Grumman), responsável por aviões como o B-2 Spirit, é uma das principais apostas.
  • Também se destacam BOEI34 (Boeing), RYTT34 (Raytheon Technologies) e LMTB34 (Lockheed Martin).
  • No Brasil, EMBR3 (Embraer) ganha tração com contratos internacionais e bom desempenho da divisão de defesa.

Metais Preciosos: Ouro e Prata Como Refúgio

Com a aversão ao risco, investidores correm para ativos tradicionais como o ouro.

  • AURA33 (Aura Minerals) teve valorização de 395% em 2024, impulsionada pela alta do ouro.
  • BARR34 (Barrick Gold) representa uma opção internacional segura.
  • Já o ETF BSLV39 oferece exposição direta à prata, outro metal historicamente valorizado em crises.

Exportadoras: Hedge Cambial Natural

Empresas com receitas em dólar e custos em reais se destacam como proteção contra a desvalorização da moeda local.

  • VALE3 (Vale) e SUZB3 (Suzano) combinam forte presença internacional e margens operacionais consistentes.

Proteínas: Consumo Inelástico e Receita em Dólar

Mesmo em tempos de guerra ou recessão, a demanda por alimentos se mantém alta.

  • JBSS3 (JBS) e BRFS3 (BRF) são exportadoras que aproveitam o aumento no preço dos alimentos e o câmbio favorável.
  • Contudo, é importante monitorar eventuais embargos de importação ou restrições comerciais, principalmente com a China.

Energia Elétrica: Estabilidade e Dividendos

Empresas do setor elétrico são essenciais e previsíveis. Isso garante solidez mesmo em cenários adversos.

  • CPLE6 (Copel) se destaca por sua diversificação e política de dividendos robusta.
  • ELET3 (Eletrobras), com operação nacional e papel regulado, oferece proteção com potencial de crescimento.
  • Espírito Santo e Rio Grande do Sul não estão disponíveis devido a enchentes.
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Consumo Básico: Demanda Constante

Multinacionais que fornecem itens essenciais conseguem manter receita e margem mesmo em crises profundas.

  • JNJB34 (Johnson & Johnson) e PGCO34 (Procter & Gamble) são líderes globais que combinam previsibilidade e eficiência.

Gráfico 1 – Desempenho Acumulado das Ações e BDRs Defensivos em 2024

Desse modo, o gráfico a seguir ilustra o retorno percentual acumulado desses ativos até junho de 2024:

Conclusão

Embora momentos de tensão internacional exijam cautela, eles também representam oportunidades para investidores preparados. Reforçar a carteira com ativos resilientes, de empresas bem posicionadas, setores essenciais ou atrelados ao dólar pode ser a chave para proteger e até valorizar o portfólio.

Em conclusão, enquanto a volatilidade gerados pelos conflitos geopolíticos gerar incertezas nos mercados, a estratégia de investimento focada em ativos defensivos pode mitigar riscos e preservar o valor do portfólio. É crucial para os investidores manterem uma visão de longo prazo e evitar decisões impulsivas baseadas em emoções momentâneas. A diversificação através de setores resilientes e a escolha criteriosa de ativos são fundamentais para enfrentar os desafios presentes e futuros da economia global.

Portanto, em vez de realizar mudanças drásticas, adotar ajustes táticos e fundamentados ajuda a enfrentar crises com mais segurança. A diversificação entre setores como petróleo, defesa, metais preciosos, proteínas e energia elétrica oferece não apenas proteção, mas também exposição a ativos antifrágeis — aqueles que crescem diante da adversidade.

por Mano Graal

Fonte: InfoMoney

Imagens: Freepik / Chat GPT