IGP-M RECUA MAIS DO QUE O ESPERADO EM JUNHO
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), amplamente utilizado para reajustes de contratos de aluguel e tarifas públicas, surpreendeu os analistas ao recuar 1,67% em junho de 2025. Este resultado, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), foi substancialmente maior do que a queda projetada pelo mercado, que era de 1,02%. Assim, o indicador acumula alta de 4,39% nos últimos 12 meses. Conforme será detalhado a seguir, esse recuo reflete principalmente a retração nos preços de matérias-primas agropecuárias.
1. Queda do IGP-M é liderada pelo IPA
Antes de tudo, o principal responsável pela deflação no índice foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% da composição do IGP-M. Em junho, o IPA caiu expressivos 2,53%, após já ter registrado queda de 0,82% em maio.
Segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE, “a queda foi fortemente influenciada pelo recuo de preços em 21 dos 27 itens do grupo agropecuário”. Essa retração está diretamente relacionada ao avanço das safras agrícolas, que pressiona os preços para baixo diante da expectativa de maior oferta.

2. Matérias-primas brutas: os principais responsáveis pela deflação
O estágio de Matérias-Primas Brutas dentro do IPA apresentou uma queda significativa de 4,68% em junho, ampliando o recuo de 2,06% observado em maio. Diversos produtos agropecuários e minerais puxaram esse movimento, com destaque para o milho em grão, o café, o farelo de soja e o minério de ferro.
📋 Tabela 1 – Principais Produtos que Influenciaram a Queda do IPA em Junho de 2025
Produto | Variação em Maio (%) | Variação em Junho (%) |
---|---|---|
Milho em Grão | -9,79 | -16,93 |
Café em Grão | +1,18 | -11,01 |
Farelo de Soja | +3,25 | -9,75 |
Minério de Ferro | -2,30 | -4,96 |
Esses dados revelam uma correção abrupta nos preços, especialmente em grãos e commodities minerais, o que evidencia uma dinâmica de mercado influenciada pelo excesso de oferta e pela desaceleração da demanda internacional.
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3. IPC desacelera com queda nos alimentos in natura
Em paralelo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% no IGP-M, registrou desaceleração. A variação positiva de 0,22% em junho ficou abaixo da marca de 0,37% de maio. Essa moderação nos preços está ligada à retração dos alimentos in natura, altamente sensíveis à sazonalidade.
Produtos como tomate (-7,20%), ovos (-7,60%) e mamão papaia (-11,28%) foram os principais influenciadores desse movimento. Além disso, o avanço das colheitas de hortifrútis colaborou para aumentar a oferta e frear os preços ao consumidor.
4. INCC volta a subir com força
Diferente do comportamento do IPA e do IPC, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) avançou 0,96% em junho, acima do aumento de 0,26% registrado no mês anterior. Esse crescimento reflete tanto os reajustes salariais de mão de obra quanto o encarecimento de materiais específicos da construção civil.
Embora esse índice represente apenas 10% do IGP-M, ele indica que o setor da construção está operando sob pressões inflacionárias distintas das demais áreas da economia.

Aqui está o Mapa 1 – Variação Regional do INCC em Junho de 2025 (%), que mostra como a alta dos custos na construção civil se distribuiu pelas diferentes regiões do Brasil:
📍 Destaques regionais:
- Sudeste liderou o aumento, com variação de 1,02%, refletindo maiores pressões salariais e aumento de insumos urbanos.
- Sul e Centro-Oeste também registraram elevações próximas de 0,90%, indicando dinamismo no setor imobiliário.
- Nordeste e Norte apresentaram aumentos mais moderados, mas ainda acima da média dos meses anteriores.
5. Expectativas do mercado e implicações econômicas
Em virtude dessa combinação de fatores, o mercado passou a revisar suas expectativas inflacionárias. O forte recuo do IGP-M, puxado pelas matérias-primas e alimentos, sinaliza um alívio temporário nas pressões de custo, o que pode favorecer a manutenção da taxa Selic em níveis estáveis no curto prazo.
Por outro lado, o avanço do INCC e a volatilidade dos alimentos in natura alertam para possíveis riscos inflacionários localizados.
Conclusão
Portanto, o recuo de 1,67% no IGP-M em junho de 2025, mais intenso do que o previsto, é um reflexo direto da redução dos preços das matérias-primas brutas, sobretudo do setor agropecuário. A queda do IPA, somada à desaceleração do IPC, contribuiu para um alívio no índice, enquanto o INCC apresentou alta relevante. Esse cenário complexo revela uma economia em transição, em que a abundância da oferta agrícola contribui para segurar a inflação, ao passo que os custos na construção civil e riscos sazonais no varejo seguem monitorados. Com isso, o IGP-M se consolida como um termômetro importante para decisões de política monetária e para ajustes contratuais no país.
por Mano Graal
Fonte: Investing.com
Imagens: Chat GPT