PLANO SAFRA 2025/26 TERÁ R$ 516,2 BILHÕES

O Ministério da Agricultura anunciou, no dia 1º de julho, o novo Plano Safra 2025/26 com um valor recorde de R$ 516,2 bilhões destinados ao crédito rural para a agricultura empresarial. Este montante representa um crescimento anual de 1,5% (R$ 8 bilhões a mais) em relação ao ciclo 2024/25. Entretanto, mesmo com o acréscimo financeiro, o plano trouxe elevação de juros, foco em sustentabilidade e mudanças estruturais em programas como Pronamp e PCA.

1 – Distribuição dos Recursos: Custeio Cresce, Investimento Cai

De forma mais precisa, a divisão dos recursos ficou assim:

Tipo de Financiamento	2024/25 (R$ bilhões)	2025/26 (R$ bilhões)	Variação (%)
Custeio e Comercialização	401,3	414,7	+3,34%
Investimentos	107,3	101,5	-5,41%

Análise: Embora o volume total tenha subido, houve redução de mais de R$ 5 bilhões nas linhas de investimento, o que pode sinalizar cautela do governo com projetos de maior risco diante do cenário de juros mais altos.

Tópico 2 – Juros Mais Altos: Pressão da Selic

Em contrapartida, as taxas de juros do novo plano foram reajustadas entre 1,5 e 2 pontos percentuais, ficando entre 8,5% e 14% ao ano, como mostra o gráfico comparativo abaixo:

Este aumento foi considerado inevitável, dado que a Selic saltou de 10,5% para 15% entre os ciclos. Assim, o governo busca ajustar o crédito rural à nova realidade monetária, ainda que isso aumente o custo do capital no campo.

3 – Pronamp Reforçado: Apoio ao Médio Produtor

O Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor) teve crescimento de recursos e de abrangência:

• Recursos aumentaram de R$ 65,23 bi para R$ 69,1 bi (+6%).
• O limite de renda para enquadramento passou de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões/ano.
• Taxa de juros definida em 10% ao ano, abaixo da média geral.

Com isso, mais médios produtores poderão acessar crédito com condições diferenciadas.

4 – Sustentabilidade com Incentivos Reais

Para promover práticas agrícolas sustentáveis, o plano oferece:

• Juros reduzidos para quem adotar culturas de cobertura, reflorestamento ou conservação de solo.
• Financiamento de insumos e tratos culturais para cobertura vegetal na entressafra.
• Inclusão de ração, suplementos e medicamentos até 180 dias antes da contratação.

Além disso, foi prorrogado o desconto de 0,5 ponto percentual na taxa de juros para operações com práticas sustentáveis — válido entre 1º de julho de 2025 e 30 de junho de 2026.

5 – Infraestrutura e Armazenagem: PCA Dobrado

O Programa para Construção de Armazéns (PCA) foi ampliado:

• A capacidade máxima por projeto passou de 6 mil para 12 mil toneladas.
• A medida melhora o escoamento e armazenamento da produção rural.

📍 Mapa 1 – Distribuição Regional das Obras Financiadas pelo PCA (projetado para 2025/26)

6 – RenovAgro Ambiental: Foco Contra Incêndios

O subprograma RenovAgro Ambiental ganhou novas funções:

• Prevenção e combate ao fogo em propriedades rurais.
• Financiamento de caminhões-pipa e mudas nativas.
• Recuperação de áreas de preservação permanente (APP) e reservas legais.

Essa reformulação amplia o impacto ambiental positivo do crédito rural, indo além da produtividade.

7 – Lula: “Analisem os Números da Economia!”

Durante o anúncio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou empresários do agronegócio:

“Cheguem em casa hoje à noite e peçam para colocar na cabeceira da cama de vocês todos os números da economia (…) Esse país não estava na situação extraordinária e respeitada como ele está.”

O setor do agro, historicamente mais alinhado ao ex-presidente Bolsonaro, tem feito críticas ao governo atual. No entanto, Lula usou o evento para destacar o volume histórico de crédito rural oferecido, afirmando que o momento econômico brasileiro é um dos melhores em décadas.

Conclusão

Em síntese, o Plano Safra 2025/26 apresenta um misto de continuidade e inovação. O aumento dos juros reflete a realidade monetária, mas o crescimento do apoio ao médio produtor e os incentivos à sustentabilidade demonstram um esforço do governo em modernizar o crédito rural com responsabilidade ambiental. Apesar da redução nas linhas de investimento, a estrutura do plano favorece uma produção agrícola mais adaptada aos desafios climáticos e econômicos do Brasil contemporâneo.

Em suma, trata-se de um pacote robusto, mas que exigirá dos produtores maior atenção à gestão financeira e ambiental de seus empreendimentos. O governo fez sua parte — agora, cabe ao agro usar os recursos com eficiência.

por Mano Graal

Fontes: IstoÉDinheiro / Revista Forum

Imagens: Pixabay / ChatGPT