TRUMP AMEAÇA BRICs COM TARIFA ADICIONAL DE 10%

Em uma nova escalada nas tensões comerciais e geopolíticas globais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (6), em publicação na plataforma Truth Social, que irá impor uma tarifa adicional de 10% a todos os países que, segundo ele, estiverem “alinhados às políticas antiamericanas do BRICS”. Embora não tenha detalhado o critério exato para essa classificação, a medida atinge diretamente a 17ª Cúpula do BRICS, sediada no Rio de Janeiro e atualmente presidida pelo Brasil.

Esse novo posicionamento americano, portanto, representa não apenas uma estratégia protecionista, mas também uma tentativa clara de conter o avanço da influência do BRICS, grupo que atualmente reúne 21 países emergentes, com peso crescente no comércio e na governança global.

1. Contexto da Declaração e Repercussão Imediata

O anúncio foi feito no momento em que os líderes do BRICS discutem medidas para reduzir a dependência do dólar e fortalecer a cooperação financeira. Segundo Trump:

“Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do BRICS pagará uma tarifa ADICIONAL de 10%. Não haverá exceções a essa política”.

Logo após a publicação, diplomatas em Washington e em capitais estrangeiras manifestaram preocupação com o impacto da medida, especialmente entre países que mantêm relações comerciais relevantes com os EUA e com o BRICS ao mesmo tempo, como México, Indonésia, Egito e até mesmo aliados da OTAN que têm assento como observadores no grupo.

2. O que está em jogo: o fortalecimento do BRICS em 2025

Simultaneamente, no Rio de Janeiro, foi divulgada a Declaração da Cúpula do BRICS, destacando metas ambiciosas. Entre os pontos centrais, está o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que pretende:

  • Expandir financiamentos em moeda local;
  • Reduzir a dependência do dólar em projetos multilaterais;
  • Estimular projetos de infraestrutura, inovação e sustentabilidade;
  • Ampliar a integração econômica entre os membros.

Mapa 1: Distribuição dos países-membros e observadores do BRICS (2025)
Legenda: países fundadores, novos membros e observadores atuais

3. A resposta comercial dos EUA: impactos econômicos esperados

Trump anunciou ainda que os EUA começarão a entregar cartas formais aos países afetados a partir de segunda-feira (7), detalhando:

  • Tarifas por setor;
  • Isenções suspensas;
  • Novas exigências comerciais.

Essa ação representa uma possível ruptura nas cadeias globais de suprimento, especialmente para países em desenvolvimento que exportam insumos industriais e agrícolas aos EUA.

Tabela 1: Exportações do BRICS para os EUA em 2024 (em bilhões de dólares)

PaísPrincipais produtos exportadosValor exportado (2024)
ChinaEletrônicos, aço, máquinasUS$ 472 bi
ÍndiaMedicamentos, têxteis, softwareUS$ 89 bi
BrasilMinério, alimentos, celuloseUS$ 52 bi
RússiaFertilizantes, petróleo, alumínioUS$ 38 bi
África do SulMinérios, metais preciososUS$ 15 bi
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4. Caminhos alternativos: como o BRICS pode reagir

Linhas demonstram o aumento no volume de comércio entre os membros do bloco, com destaque para acordos entre Índia e África do Sul, e Brasil e China.

Além disso, há articulações para integrar novos membros, como Arábia Saudita, Irã e Indonésia, ampliando o poder de barganha e a diversificação das fontes de financiamento internacionais.

5. As consequências para o Brasil

O Brasil, como país-sede da cúpula e presidente rotativo do BRICS em 2025, está no centro do furacão diplomático. Por um lado, possui forte parceria com os EUA, especialmente no agronegócio. Por outro lado, depende significativamente de investimentos chineses e de exportações ao BRICS.

Tabela 2: Participação dos EUA e do BRICS nas exportações brasileiras (2024)

DestinoParticipação nas exportações (%)
China27,3%
EUA11,2%
Índia3,8%
Rússia1,6%
África do Sul0,5%

Com isso, qualquer escalada tarifária pode prejudicar cadeias de suprimentos estratégicas para o Brasil, como fertilizantes, grãos e energia. Além disso, o país corre o risco de sofrer sanções cruzadas se não adotar uma postura diplomática equilibrada.

Conclusão: um novo capítulo na geopolítica global

Em suma, a ameaça tarifária anunciada por Trump marca um novo capítulo na disputa entre blocos econômicos, com os EUA reagindo à ascensão do BRICS e à tentativa do grupo de reformar o sistema financeiro global. A medida, no entanto, pode ter o efeito colateral de aprofundar a divisão entre o Norte Global e os países emergentes, dificultando consensos multilaterais em fóruns como a OMC e o G20.

Para os países em desenvolvimento, o desafio será equilibrar interesses comerciais com pressões geopolíticas. Para os EUA, trata-se de reafirmar sua liderança econômica em um mundo onde a multipolaridade avança rapidamente.

por Mano Graal

Fonte: InfoMoney

Imagens: ChatGPT / CNNBRASIL