OPONIÃO PÚBLICA REPROVA TARIFAÇO E APROVA LULA
A opinião pública brasileira reprova taxativamente a recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que gerou forte repercussão dentro e fora do Brasil. O argumento apresentado por Trump — de que há uma perseguição política a Jair Bolsonaro no Brasil — foi duramente criticado pela maioria da população brasileira, que vê na medida um gesto unilateral e político, sem respaldo técnico ou comercial. Por outro lado, a mesma opinião pública aprova as atitude tomadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva;
A pesquisa divulgada em 16 de julho pela Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, fornece dados amplos e aprofundados sobre como os brasileiros estão reagindo a essa crise diplomática e comercial, evidenciando mudanças significativas na opinião pública e até na avaliação do governo Lula.
1. Reprovação esmagadora à justificativa de Trump
Em primeiro lugar, a grande maioria da opinião pública brasileira considera a decisão de Trump equivocada. De acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados afirmam que ele está errado em impor o tarifaço com base em uma suposta perseguição a Bolsonaro. Em contraste, apenas 19% concordam com o presidente americano, enquanto 9% disseram não saber ou preferiram não responder.
Trump está certo ou errado? | Percentual |
---|---|
Errado | 72% |
Certo | 19% |
Não sabe/N.R. | 9% |
Esse resultado mostra, portanto, que a narrativa de Trump não encontrou respaldo entre a opinião pública brasileira, sendo amplamente vista como uma interferência externa indevida em assuntos internos.
2. Medo generalizado de prejuízos diretos
Além disso, a percepção de que o tarifaço vai impactar negativamente a vida dos brasileiros é praticamente consensual. Segundo a pesquisa, 79% afirmam que a medida prejudicará suas vidas ou a de suas famílias. Apenas 17% discordam dessa avaliação, enquanto 4% não opinaram.
Tarifaço prejudicará sua vida? | Percentual |
---|---|
Sim | 79% |
Não | 17% |
Não sabe/N.R. | 4% |
Isso demonstra claramente o medo generalizado da população com possíveis consequências econômicas, como aumento de preços, desemprego, retração do comércio e do agronegócio, e até queda de investimentos.
3. A crítica de Lula no BRICS foi provocação?
Por outro lado, ao serem questionados se Lula teria provocado Trump ao criticá-lo durante a cúpula do BRICS, 55% dos entrevistados responderam que sim, indicando que, para eles, o presidente brasileiro adotou uma postura que contribuiu para a escalada da crise. Outros 31% discordam e acreditam que não houve provocação, e 14% não souberam responder.
Lula provocou Trump no BRICS? | Percentual |
---|---|
Sim | 55% |
Não | 31% |
Não sabe/N.R. | 14% |
Esse dado sugere que, embora a maioria apoie a retaliação de Lula, também reconhece que a diplomacia brasileira precisa agir com mais cautela em fóruns internacionais.
4. Resposta de Lula tem apoio majoritário
Apesar da percepção de provocação, 53% dos entrevistados consideram que Lula está certo ao reagir com reciprocidade às tarifas impostas por Trump. Outros 35% discordam, e 12% não sabem ou não quiseram opinar.
Lula agiu certo ao retaliar? | Percentual |
---|---|
Sim | 53% |
Não | 35% |
Não sabe/N.R. | 12% |
Esses números refletem que, mesmo em uma sociedade polarizada, há respaldo popular para ações firmes em defesa do interesse nacional.
5. Avaliação da relação comercial entre os países
Um ponto central do discurso de Trump foi a afirmação de que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é injusta. No entanto, 63% dos brasileiros discordam dessa ideia, enquanto apenas 25% a consideram correta. Outros 12% não souberam opinar.
Além disso, 57% dos entrevistados afirmam que Trump não tem o direito de criticar o processo judicial no qual Bolsonaro é réu, sinalizando que os brasileiros rejeitam interferências externas em assuntos jurídicos nacionais.
6. Conflito impulsiona aprovação de Lula
De forma surpreendente, o embate com Trump teve impacto positivo sobre a avaliação do governo Lula. Entre a pesquisa anterior e a atual, a desaprovação ao presidente caiu de 57% para 53%, enquanto a aprovação subiu de 40% para 43%.
Avaliação do governo Lula | Maio 2025 | Julho 2025 |
---|---|---|
Aprovação | 40% | 43% |
Desaprovação | 57% | 53% |
Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, esse crescimento veio especialmente de eleitores de classe média, com ensino superior e residentes no Sudeste, grupos considerados mais críticos e atentos ao cenário econômico e político.
7. Divisão sobre quem tem razão no embate
Quando questionados sobre qual lado está agindo com mais acerto nesse impasse, 44% dos entrevistados disseram que Lula e o PT estão corretos. Já 29% defendem Bolsonaro e seus aliados, enquanto 15% não veem acerto em nenhum dos lados. Outros 12% não souberam responder.
8. Ideia de união nacional encontra apoio massivo
Apesar das divisões políticas, 84% dos brasileiros afirmam que governo e oposição devem se unir para proteger o país do impacto das tarifas. Apenas 9% são contrários a essa união.
Deve haver união nacional? | Percentual |
---|---|
Sim | 84% |
Não | 9% |
Indiferente | 2% |
Não sabe/N.R. | 5% |
Este dado mostra uma vontade clara da sociedade de colocar os interesses do país acima das disputas ideológicas.
9. Causas do tarifaço segundo a população
Sobre o motivo que levou Trump a anunciar o tarifaço, a percepção popular é variada:
Motivo atribuído | Percentual |
---|---|
Fala de Lula no BRICS | 26% |
Ações do STF contra Bolsonaro | 22% |
Influência de Eduardo Bolsonaro nos EUA | 17% |
Ações do STF contra big techs | 10% |
Não soube responder | 25% |
A diversidade de respostas reflete o ambiente de incerteza e especulação em torno das decisões de Trump.
10. Expectativa sobre recuo de Trump
Questionados se Trump pode voltar atrás na decisão de aplicar as tarifas, 59% acreditam que ele manterá sua posição, enquanto 31% esperam recuo. Outros 10% não têm opinião formada.
11. Impacto eleitoral limitado, mas significativo
A carta de Trump comunicando o tarifaço pode influenciar o voto em 2026 de parte do eleitorado. Embora 53% digam que a carta não muda sua intenção de voto, 19% afirmam que isso os faz querer votar mais em Lula, e outros 19% em Bolsonaro ou seu indicado.
Mapa: Percepções regionais sobre o tarifaço
📍 Sudeste – Apoio maior a Lula (48%) e rejeição a Trump (74%)
📍 Nordeste – 82% dizem que tarifaço prejudica suas vidas
📍 Sul – 66% acham que Lula provocou Trump
📍 Centro-Oeste – 70% querem união nacional
📍 Norte – 88% apoiam reação firme do Brasil
Conclusão
A pesquisa Quaest de julho de 2025 escancara a profunda insatisfação da opinião pública dos brasileiros com a postura adotada por Donald Trump ao taxar produtos nacionais. O tarifaço é visto não apenas como um ataque político, mas como uma ameaça econômica real, com potencial de afetar a vida de milhões. Ainda que uma parcela da população critique a forma como Lula lidou com a situação, a maioria apoia sua resposta e valoriza a defesa da soberania nacional. O episódio também funcionou como catalisador político, reforçando a imagem de liderança do presidente brasileiro e promovendo raro consenso em torno da necessidade de união nacional. Em tempos de instabilidade global, a voz do povo brasileiro se posiciona de forma clara: soberania e dignidade nas relações internacionais são valores inegociáveis.
por Mano Graal
Imagem: FreePik