IMPACTO DE TARIFAÇO NO PIB SERÁ DE 0,2%
Saber qual o impacto sobre o PIB brasileiro é, atualmente, um dos principais debates do mercado financeiro após a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. No entanto, apesar do tom agressivo, especialistas avaliam que os efeitos econômicos serão limitados. Nesse sentido, a gestora Kinea, por exemplo, estima que essa medida terá um impacto relativamente modesto, reduzindo o PIB nacional em 0,2 ponto percentual ao longo de um ano, especialmente após algumas exceções recentemente detalhadas.
Além disso, em uma clara intromissão em assuntos internos do Brasil, a decisão, tomada pelo presidente Donald Trump, traz justificativas políticas — como alegações de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro —, porém, isenta mercadorias estratégicas.
1. Exportações brasileiras aos EUA: peso reduzido no PIB
Segundo a economista Daniela Lima, da Kinea, as exportações brasileiras para os EUA representam cerca de 2% do PIB nacional. Além disso, com as exceções listadas no decreto presidencial, esse percentual torna-se ainda menos relevante. Dessa forma, mesmo com a entrada em vigor da tarifa de 50% em 6 de agosto, o impacto tende a ser pouco expressivo.
Indicador | Valor Atual |
---|---|
Exportações aos EUA (% do PIB) | 2% |
Impacto estimado da tarifa no PIB | -0,2 p.p. |
Entrada em vigor da tarifa | 6 de agosto |
2. Produtos isentos e possibilidade de triangulação
Por outro lado, o decreto assinado por Trump excluiu produtos de grande peso na balança comercial, como aeronaves civis, peças de avião, suco de laranja, petróleo, madeira, alumina e metais preciosos. Além disso, Daniela Lima ainda observa que, em produtos como o café, há viabilidade de triangulação — isto é, envio a países intermediários antes da chegada ao mercado norte-americano.
📦 Produtos com isenção da tarifa:
- Aeronaves e peças (ex: exportações da Embraer)
- Suco de laranja
- Petróleo
- Alumina
- Madeira e metais preciosos
3. Câmbio reage com estabilidade e sem pressão inflacionária
Ao contrário do esperado, o câmbio não sofreu abalos com o anúncio das tarifas. Pelo contrário, o real se manteve estável diante das expectativas moderadas do mercado. A Kinea não prevê depreciação da moeda brasileira no cenário-base, reforçando que os efeitos serão, no máximo, marginais.
📉 Reação do câmbio ao anúncio:
Expectativa de manutenção do patamar atual
Estabilidade do real frente ao dólar
Ausência de fuga de capitais significativa
4. Inflação: possibilidade de queda no curto prazo
Curiosamente, um dos efeitos imediatos da tarifa pode ser desinflacionário. Como produtores de carnes, por exemplo, podem redirecionar sua produção ao mercado interno, a maior oferta interna tende a baixar os preços. Isso já se reflete nos atacados e pode chegar ao varejo.
📊 Impactos nos preços:
Potencial alívio para o IPCA de curto prazo
Redução nos preços no atacado
Pressão de baixa na inflação ao consumidor
5. Risco de escalada comercial é mínimo, diz Kinea
Outro ponto crucial é a ausência de sinais de retaliação por parte do governo brasileiro. Segundo Daniela Lima, o cenário-base da Kinea considera que não haverá contra-ataques comerciais, o que impede a escalada de um conflito tarifário. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou essa perspectiva ao destacar que “nada do que foi decidido ontem é irreversível”.
📌 Cenário político e comercial:
Baixa probabilidade de guerra comercial
Contato entre o Tesouro dos EUA e o Ministério da Fazenda
Expectativa de negociação racional
6. Motivações políticas: embate entre EUA e STF brasileiro
Apesar do viés econômico, a decisão de Trump tem forte cunho político. A Casa Branca acusa o Brasil de perseguição ao ex-presidente Bolsonaro e questiona decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Mesmo assim, o governo norte-americano adotou um tom moderado nas exceções, sugerindo cálculo estratégico.

7. Projeções da Kinea e perspectivas para 2025
A Kinea mantém uma visão construtiva sobre a economia brasileira, mesmo com as tarifas impostas. A previsão de impacto de apenas -0,2 p.p. no PIB reforça a resiliência da economia nacional. A estabilidade do câmbio e o provável efeito desinflacionário contribuem para um ambiente macroeconômico ainda favorável.

Conclusão: Tarifa tem mais barulho político do que efeito econômico
Em resumo, a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, embora polêmica, deve provocar efeitos limitados sobre o PIB, o câmbio e a inflação. As exceções incluídas no decreto, somadas à baixa representatividade das exportações aos EUA no PIB nacional, enfraquecem o impacto da medida. Além disso, a postura aberta do governo brasileiro ao diálogo e a reação tranquila dos mercados contribuem para um cenário sem grandes turbulências. Dessa forma, o barulho gerado pela medida parece ter mais um caráter político do que econômico — e tudo indica que há espaço para reversões diplomáticas nas próximas semanas.
por Mano Graal
Fonte: InfoMoney
Imagens: ChatGPT / Canva IA