BANCO DO BRASIL TEM LUCRO AJUSTADO DE 3,8 BI

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou, na noite de quinta-feira (14), um resultado que chamou atenção do mercado. O banco reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre de 2025 (2T25), o que representa uma expressiva queda anual de 60% em comparação ao mesmo período de 2024. Além disso, o valor veio abaixo da expectativa do consenso LSEG, que projetava R$ 4,99 bilhões. Assim, o BB fecha a temporada de resultados com desempenho que reforça 2025 como ano de ajuste, e não de expansão.

Queda acentuada de lucro

Em termos numéricos, se retrocedermos um ano, estimamos que o banco tenha registrado em torno de R$ 9,5 bilhões no 2T24 (calculado a partir da queda de 60%). Logo, o recuo foi de cerca de R$ 5,7 bilhões em um único ano. Essa redução impacta diretamente margens e, por consequência, reduz a flexibilidade para pagamento de dividendos extraordinários. Portanto, a perda de lucro não é apenas uma questão contábil, mas também estratégica, já que altera o potencial de retorno ao acionista e força a revisão de planos de crescimento.

Rentabilidade pressionada

Ademais, o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) no período caiu para 8,4%, nível inferior ao custo de capital implícito do setor bancário brasileiro, que gira em torno de 12%. Isso significa que, no curto prazo, o banco não está gerando valor econômico acima do que os acionistas demandam. Consequentemente, há pressão para otimizar a originação de crédito, priorizar operações com garantias e fortalecer produtos de maior retorno ajustado ao risco.

Guidance e perspectiva para 2025

Por outro lado, é relevante notar que, segundo a presidenta Tarciana Medeiros, o BB ainda projeta um lucro anual entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões para 2025. Portanto, para atingir essa meta, será necessário acelerar a geração de resultados no segundo semestre, compensando o fraco desempenho do primeiro. Será preciso eficiência, melhor mix de crédito e mais receitas para recompor margens, já que só cortar custos não basta.

Diferença frente às projeções do mercado

Como ilustra o Gráfico 1, a discrepância entre o lucro efetivo de R$ 3,8 bilhões e o consenso de R$ 4,99 bilhões reforça a magnitude da surpresa negativa. Desvios grandes frente às expectativas costumam gerar revisões de lucro e preço-alvo, afetando as ações no curto prazo.

Expansão da carteira de crédito

Apesar do cenário adverso no lucro, o Banco do Brasil conseguiu expandir sua carteira de crédito total para R$ 1,24 trilhão, representando alta de 11,2% em relação ao 2T24 e de 1,3% em relação ao trimestre anterior. Esse crescimento, embora moderado no curto prazo, indica que o banco mantém apetite por originação, mas de forma seletiva. Esse equilíbrio entre crescimento e prudência é crucial em um momento de aumento da inadimplência.

  • Carregue totalmente dois controles PS5 DualSense simultaneamente em apenas três horas. O indicador LED mostrará claramen…
  • O suporte do ps5 slim é equipado com um potente ventilador turbo com três velocidades ajustáveis. As diferentes velocida…
  • A estação de resfriamento do ps5 tem um anel de LEDs incríveis com modos de luz para um total de 10 cores RGB vibrantes …

Distribuição setorial da carteira

O Gráfico 2 revela que o segmento Pessoa Física responde por R$ 342,6 bilhões, com crescimento anual de 8%. Já Pessoa Jurídica soma R$ 468 bilhões, com alta mais robusta de 14,7% em 12 meses, enquanto o Agronegócio atinge R$ 404,9 bilhões, também com elevação de 8%. Portanto, a expansão mais acelerada no segmento PJ sugere maior exposição a empresas, especialmente MPMEs, que são mais sensíveis ao ciclo econômico e à disponibilidade de crédito.

Crescimento por segmento e risco

Conforme exposto no Mapa de Calor, o crescimento anual mais intenso no PJ pode ter elevado o risco médio da carteira, uma vez que pequenas e médias empresas enfrentam maior volatilidade de fluxo de caixa. Dessa forma, a gestão precisa compensar esse risco com garantias adicionais, uso de fundos garantidores e maior acompanhamento pós-desembolso.

Provisões e inadimplência

Um dos pontos mais críticos do resultado é o aumento de 89,3% nas perdas esperadas com empréstimos no 1S25, totalizando R$ 31,6 bilhões. Esse valor é substancialmente maior que os cerca de R$ 16,7 bilhões estimados para o 1S24. Tal elevação indica deterioração relevante na qualidade de crédito, especialmente no agronegócio e no segmento de Micro, Pequenas e Médias Empresas.

Estratégias para mitigação de risco

Em resposta, o banco implementou ações imediatas, como a revisão dos fluxos de cobrança, priorização de linhas de crédito com mitigadores de risco, maior uso de fundos garantidores e um relacionamento mais próximo com clientes em situação de inadimplência. A ideia é não apenas conter novas perdas, mas também acelerar a recuperação de créditos já classificados como de risco.

Custos operacionais e eficiência

No lado das despesas, houve um aumento de 4,7% nas despesas administrativas, que chegaram a R$ 9,7 bilhões, sendo que o maior impacto veio das despesas de pessoal, que passaram de R$ 6,1 bilhões no 2T24 para R$ 6,4 bilhões no 2T25. Isso pressiona o índice de eficiência e exige que o banco amplie receitas não relacionadas ao crédito, como tarifas, seguros e serviços digitais, para compensar.

Agenda de tecnologia e analytics

Para sustentar a retomada, a direção do BB aposta em investimentos em tecnologia, uso intensivo de dados e capacitação contínua dos funcionários. Isso permitirá, por exemplo, segmentar melhor as ofertas, ajustar preços de forma dinâmica e personalizar limites de crédito, aumentando a rentabilidade e reduzindo o risco.

Conclusão

Em suma, o 2T25 marcou um trimestre de forte ajuste para o Banco do Brasil. Houve queda expressiva no lucro, pressão sobre a rentabilidade e aumento de provisões, mas, por outro lado, houve expansão controlada da carteira e ações concretas para mitigação de riscos. Assim, o desempenho no segundo semestre será decisivo para confirmar ou não o guidance de R$ 21-25 bilhões de lucro. Caso consiga combinar eficiência operacional, crescimento seletivo e redução no custo de risco, o BB poderá retomar níveis de ROE de dois dígitos e reconquistar a confiança do mercado.

por Mano Graal

Fonte: InfoMoney

Imagens: ChatGPT

Imagem de Capa: e-Investidor