BRASIL É EXEMPLO PARA O MUNDO: JULGAMENTO DE BOLSONARO COMO LIÇÃO DE DEMOCRACIA
Nos últimos dias, o Brasil voltou a ocupar posição central no debate internacional sobre o futuro da democracia. A The Economist, revista britânica, estampou em sua capa uma imagem simbólica do ex-presidente Jair Bolsonaro, caracterizado como o “viking do Capitólio”, figura conhecida pela invasão do Congresso americano em 2021. A manchete — “O que o Brasil pode ensinar aos Estados Unidos” — trouxe consigo uma inversão histórica: se, tradicionalmente, os EUA eram vistos como modelo de governança democrática, agora é o Brasil que surge como exemplo de resistência institucional diante do populismo. Nesse sentido, o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não é apenas um processo jurídico, mas um marco pedagógico para o mundo.
1. O impacto da capa da The Economist
Em primeiro lugar, é preciso compreender a força simbólica da capa da revista. O ex-presidente brasileiro aparece com o rosto pintado de verde e amarelo, além de usar os mesmos adereços do extremista americano que se tornou ícone da invasão de 6 de janeiro. Essa representação visual não é gratuita: ela estabelece um paralelo direto entre Bolsonaro e Donald Trump, reforçando a narrativa de que o populismo autoritário ultrapassa fronteiras. Ademais, a publicação não se limitou à provocação estética. Em seu conteúdo, destacou que o Brasil se transformou em um laboratório democrático, capaz de mostrar como sociedades podem se recuperar de surtos populistas.
2. Lições de democracia para os EUA
Além da imagem, a mensagem central da The Economist foi incisiva: os Estados Unidos, antes considerados guardiões da democracia, agora precisam aprender com o Brasil. Essa inversão de papéis chama atenção, pois evidencia que Washington enfrenta erosão institucional, polarização radical e tentativas de manipular a justiça, enquanto Brasília conseguiu construir um consenso mínimo em torno da defesa do Estado democrático de Direito. Assim, a lição brasileira não está apenas no julgamento em si, mas também no fato de que partidos tradicionais — mesmo rivais históricos — se uniram para conter o avanço do autoritarismo.

País | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 | 2024 | 2025 |
---|---|---|---|---|---|---|
Brasil | 55 | 58 | 61 | 64 | 69 | 72 |
EUA | 80 | 72 | 68 | 65 | 62 | 60 |
Reino Unido | 76 | 74 | 71 | 69 | 68 | 67 |
Polônia | 60 | 59 | 58 | 56 | 55 | 54 |
3. O julgamento e seus desdobramentos
Por outro lado, não se deve esquecer o peso concreto do processo judicial. O julgamento de Jair Bolsonaro começou em 2 de setembro de 2025 e tem previsão de se estender até o dia 12. Ele é acusado de crimes gravíssimos, entre eles: organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, grave ameaça contra o patrimônio público e dano ao patrimônio tombado. Esses elementos mostram que não se trata apenas de divergências políticas, mas de ações que colocaram em risco a própria ordem constitucional. Portanto, sua responsabilização jurídica pode consolidar o princípio de que ninguém, nem mesmo um ex-presidente, está acima da lei.
4. O fracasso do golpe e a maturidade política
Segundo a revista, “o golpe fracassou por incompetência, e não por intenção”. Essa frase, aparentemente simples, traz uma análise profunda: havia motivação golpista clara, mas faltou coordenação entre os apoiadores de Bolsonaro. Entretanto, mais do que a incompetência, o que realmente garantiu a derrota da tentativa de ruptura foi a resposta institucional articulada. O STF reagiu de forma imediata, o Congresso manteve distância de iniciativas autoritárias e as Forças Armadas regulares recusaram aderir ao plano. Assim, a democracia brasileira demonstrou não apenas resistência, mas também capacidade de aprendizado diante da ameaça.
📌 Tabela 1 – Elementos que impediram o avanço do golpe
Fator determinante | Descrição resumida |
---|---|
STF | Ações rápidas de contenção jurídica |
Congresso | Defesa do processo legislativo regular |
Forças Armadas regulares | Rejeição a qualquer plano de ruptura |
Apoio internacional | Pressão de aliados econômicos e políticos |
5. A crise da democracia global
É igualmente importante notar que a análise da The Economist não se restringe ao Brasil. A publicação ressalta que diversos países vivem um processo de fragilização democrática. Os Estados Unidos enfrentam polarização intensa; o Reino Unido lida com as consequências do Brexit; e a Polônia sofre com o enfraquecimento do judiciário. Nesse cenário, o Brasil aparece como uma exceção positiva. Ao resistir à escalada populista, o país envia uma mensagem clara: democracias podem sobreviver quando instituições atuam em conjunto.
🌍 Mapa – Países em crise populista (2025)
- EUA: polarização extrema e risco de violência eleitoral
- Reino Unido: instabilidade após Brexit
- Polônia: enfraquecimento do sistema judiciário
- Brasil: resistência e fortalecimento democrático
6. Bolsonaro: do poder ao julgamento
Adicionalmente, a trajetória recente de Jair Bolsonaro revela uma queda acentuada. Desde o início de agosto, ele cumpre prisão domiciliar, após a Justiça identificar risco de fuga. Além de enfrentar problemas de saúde, como hipertensão e refluxo, o ex-presidente agora encara um processo que pode determinar seu afastamento definitivo da vida política. Portanto, sua condição atual simboliza uma virada histórica: de líder populista com grande base de apoio a réu em julgamento por crimes contra a democracia.
7. Repercussões internacionais
Por fim, as repercussões diplomáticas são significativas. O Itamaraty recebeu a capa da The Economist com entusiasmo, interpretando-a como um reconhecimento do Brasil como referência democrática global. Essa inversão de papéis, em que os EUA aparecem em crise e o Brasil surge como exemplo, fortalece a posição brasileira em fóruns internacionais como o G20 e a ONU. Além disso, projeta o país como ator relevante na discussão sobre governança democrática no século XXI.
Conclusão
Em síntese, o julgamento de Jair Bolsonaro representa muito mais do que a responsabilização de um ex-presidente. Ele simboliza a vitória das instituições sobre o populismo autoritário e se consolida como um marco de maturidade política. O Brasil, antes visto como aprendiz em questões democráticas, agora assume o papel de mestre. Assim, a manchete da The Economist — “O que o Brasil pode ensinar à América” — não é apenas uma provocação jornalística, mas um reconhecimento histórico de que a democracia pode, sim, se reinventar no Sul Global.
por Mano Graal
Fontes: Uol / ICL Notícias / The Economist
Imagens: The Economist