IBOVESPA ATINGE MÁXIMA HISTÓRICA EM AGOSTO
O mercado financeiro brasileiro encerrou agosto em tom bastante positivo, com o Ibovespa retornando para níveis de máximas históricas aos 141.422 pontos. Esse movimento, que atraiu olhares de investidores locais e estrangeiros, ocorreu em meio a uma combinação de fatores internos e externos. Por um lado, os resultados econômicos domésticos trouxeram sinais mistos de inflação e emprego, enquanto, por outro, o ambiente político ganhou destaque com a divulgação de pesquisas eleitorais e índices de aprovação do governo. Além disso, o cenário internacional seguiu desempenhando papel importante, principalmente com os desdobramentos da política monetária dos Estados Unidos e a recuperação econômica da China.
1. Desempenho do Ibovespa em agosto
Em termos de desempenho, o Ibovespa apresentou um avanço expressivo. Na semana, o índice subiu 2,5% em reais e em dólares, refletindo o apetite do investidor por ativos brasileiros. No acumulado de agosto, o resultado foi ainda mais robusto, com alta de 6,3% em moeda local e 9,4% em dólares, reforçando a atratividade relativa do mercado brasileiro em comparação com pares emergentes. Além disso, esse movimento foi impulsionado pela valorização de papéis sensíveis aos juros, o que evidencia a conexão direta entre a expectativa de política monetária e o comportamento da bolsa. Consequentemente, o índice voltou a se aproximar de seus recordes históricos.

2. Política no centro das atenções
Paralelamente, o ambiente político nacional esteve no foco dos investidores. A divulgação de novas pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2026, assim como os índices de aprovação do governo, serviram como guia para a leitura de risco político. É importante destacar que o mercado financeiro reage de forma sensível a qualquer sinal que envolva continuidade ou mudança na condução da política fiscal. Nesse sentido, a percepção de maior polarização eleitoral gerou cautela em determinados momentos, embora o movimento geral da bolsa tenha se mantido positivo. Dessa forma, ficou claro que os próximos trimestres serão marcados por forte correlação entre cenário político e comportamento dos ativos financeiros.

3. Dados econômicos domésticos
No campo econômico, os indicadores brasileiros trouxeram sinais relevantes. O IPCA-15 de agosto surpreendeu negativamente ao registrar alta de 0,38%, acima da projeção de 0,30%, com destaque para a inflação de serviços, que reacelerou após um mês de julho mais benigno. Isso indica que a política monetária ainda precisa lidar com pressões persistentes em segmentos sensíveis ao consumo. Por outro lado, o Caged mostrou a criação de 153 mil vagas formais, praticamente em linha com as expectativas de 150 mil, reforçando a resiliência do mercado de trabalho e a contribuição positiva do setor de serviços. Em síntese, os dados sugerem uma economia que segue gerando emprego e renda, mas com desafios importantes no controle da inflação.
📊 Tabela 1 – Indicadores Econômicos (Agosto/2025)
Indicador | Resultado | Expectativa | Impacto no mercado |
---|---|---|---|
IPCA-15 | +0,38% | +0,30% | Pressão sobre juros |
Caged | +153 mil | +150 mil | Apoio ao consumo |
4. Cenário internacional
Simultaneamente, o ambiente externo apresentou relativa estabilidade, embora com pontos de atenção. Nos Estados Unidos, tanto o S&P 500 (-0,1%) quanto o Nasdaq (-0,3%) fecharam próximos à estabilidade. O destaque foi a divulgação dos resultados da Nvidia, que surpreenderam positivamente em receita e lucro por ação, mas ainda assim levaram a uma queda semanal de 2,1% das ações, diante de dúvidas quanto à sustentabilidade do atual ciclo de investimentos em inteligência artificial. Em contrapartida, a temporada global de balanços do segundo trimestre terminou em tom positivo, com 81% das empresas superando as estimativas de lucro em média de 7,7%, o que reforça a solidez corporativa no exterior.

5. Política monetária dos EUA e tarifas comerciais
Além dos resultados corporativos, a política monetária norte-americana também direcionou expectativas. O PCE, indicador de inflação preferido do Federal Reserve, veio em linha com o esperado, aumentando as chances de que o FOMC anuncie um corte de juros já em setembro. Esse movimento tende a beneficiar países emergentes, incluindo o Brasil, pela melhora no fluxo de capitais. No campo da política comercial, uma corte federal dos EUA considerou que a maior parte das tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump era ilegal, embora elas sigam em vigor até decisão definitiva. Por fim, a China foi o grande destaque positivo, com o CSI 300 avançando 3,3%, após o anúncio de novos estímulos para o setor imobiliário, fortalecendo o sentimento de recuperação da segunda maior economia do mundo.
6. Destaques do mercado brasileiro
No nível microeconômico, alguns papéis se destacaram de forma significativa. Entre as maiores altas, as ações Magazine Luiza (MGLU3, +18,7%) e Vamos (VAMO3, +12,2%) chamaram atenção, já que foram diretamente beneficiadas pelo fechamento da curva de juros. Além disso, no setor de combustíveis, Ultrapar (UGPA3, +9,3%) e Vibra (VBBR3, +11,3%) subiram após notícias ligadas a operações policiais contra o crime organizado, que reduziram riscos concorrenciais. Em contrapartida, o destaque negativo foi a RD Saúde (RADL3, -6,0%), pressionada pela especulação de que o Mercado Livre estaria testando entrada no setor farmacêutico, o que aumenta a percepção de competição futura.
📊 Tabela 2 – Destaques da Semana (Principais ações do Ibovespa)
Ação | Variação (%) | Motivo principal |
---|---|---|
MGLU3 | +18,7% | Fechamento da curva de juros |
VAMO3 | +12,2% | Benefício da queda dos juros |
UGPA3 | +9,3% | Operação policial no setor |
VBBR3 | +11,3% | Impacto positivo setorial |
RADL3 | -6,0% | Concorrência do Mercado Livre |
Conclusão
Em conclusão, o retorno do Ibovespa aos níveis históricos reflete o otimismo com o Brasil, mas também deixa claro que os riscos continuam elevados. A combinação de fatores políticos, como as eleições de 2026, com a dinâmica da inflação doméstica e a política monetária internacional, cria um cenário de oportunidades, mas também de volatilidade. Ao mesmo tempo, a resiliência do mercado de trabalho, os estímulos vindos da China e a possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos reforçam um ambiente mais favorável para ativos de risco. Portanto, os próximos meses deverão exigir atenção redobrada do investidor, que precisa balancear cautela com estratégia para aproveitar esse momento de alta no mercado brasileiro.
por Mano Graal
Fonte: Expert XP
Imagens: ChatGPT / Canva