SOBE E DESCE DE AÇÕES DO IBOVESPA EM AGOSTO
O mês de agosto de 2025 representou um período de otimismo e preocupação relevantes para os investidores com o sobe e desce de ações da Bolsa brasileira. Em meio a um ambiente internacional mais favorável, marcado principalmente pelas sinalizações do Federal Reserve de que cortes de juros estão próximos, o Ibovespa encerrou o mês com alta de 6,28%. Além disso, o cenário político doméstico também começou a influenciar as expectativas, já que o mercado passou a monitorar mais de perto o processo eleitoral que se desenha para 2026. Diante desse contexto, o desempenho das ações foi amplamente positivo, com sete papéis registrando ganhos superiores a 20%, especialmente nos setores de saúde e consumo, enquanto apenas três ativos amargaram quedas superiores a 10%, concentrados em setores mais voláteis como combustíveis, logística e petróleo.
1. O desempenho geral do Ibovespa em agosto
De modo geral, agosto foi um mês de recuperação sólida para a Bolsa brasileira, já que diversos fatores contribuíram para a melhora do sentimento dos investidores. Em primeiro lugar, a comunicação mais cautelosa do Fed, ao sinalizar uma política monetária menos restritiva, trouxe alívio aos mercados globais. Em segundo lugar, os resultados corporativos do 2T25, divulgados em peso no período, serviram como termômetro para confirmar a resiliência de vários setores da economia brasileira. Finalmente, somou-se a esse ambiente a expectativa de estímulos fiscais moderados no Brasil, o que reduziu parte da percepção de risco.

📈 (Linha mostrando crescimento acumulado de 6,28%)
2. As maiores altas do mês
Entre as ações que mais se valorizaram, destacaram-se principalmente aquelas ligadas ao setor de saúde, varejo farmacêutico e construção civil. É importante observar que, além dos balanços positivos, muitos desses ativos foram impulsionados por revisões de recomendações feitas por grandes bancos de investimento, o que naturalmente reforçou a confiança do mercado.
Tabela 1 – Maiores altas do Ibovespa em agosto
Empresa | Ticker | Variação (%) | Destaques |
---|---|---|---|
RD Saúde | RADL3 | +30,29 | Forte 2T25, revisão de estimativas e GLP-1 |
MRV&Co | MRVE3 | +27,56 | Recuperação no Brasil e melhora em margens |
Hapvida | HAPV3 | +26,13 | Sinistralidade sob controle e avanços orgânicos |
Eletrobras ON | ELET3 | +24,00 | Dividendos robustos e revisões positivas |
Minerva | BEEF3 | +22,06 | Escassez global de carne bovina |
Eletrobras PN | ELET6 | +21,57 | Expectativa de dividend yield elevado |
Rede D’Or | RDOR3 | +21,11 | Serviços hospitalares em ascensão |
3. RD Saúde (RADL3): a líder do mês
A RD Saúde foi a grande estrela de agosto, com valorização de 30,29%. Isso ocorreu porque os resultados do 2T25 surpreenderam positivamente o mercado, após um início de ano considerado fraco. O lucro líquido ajustado atingiu R$ 402,7 milhões, alta de 13% sobre o mesmo período de 2024. Além disso, houve maior eficiência no controle de despesas e melhora consistente das vendas em todas as categorias. Como consequência, bancos como Citi e Bank of America elevaram preços-alvo e recomendações, reforçando ainda mais a atratividade do papel.

📈 (Barras mostrando avanço de R$ 13,50 para R$ 17,55)
4. MRV&Co (MRVE3): recuperação em curso
A MRV&Co subiu 27,56%, refletindo um movimento de recuperação no mercado doméstico. Embora sua subsidiária americana Resia tenha apresentado lucro líquido abaixo das expectativas, analistas destacaram que a atenção deve permanecer sobre a performance no Brasil. O Santander manteve recomendação outperform, com preço-alvo em R$ 9,50, enfatizando que a retomada da geração de caixa e das margens brutas será crucial para sustentar ganhos adicionais.
5. Hapvida (HAPV3): sinistralidade sob controle
A Hapvida registrou avanço de 26,13%, beneficiada por melhorias operacionais relevantes. Apesar de pressões extraordinárias ligadas ao SUS, a companhia conseguiu apresentar controle de sinistralidade e maior crescimento orgânico. O Goldman Sachs reiterou recomendação de compra, argumentando que a maior visibilidade sobre provisões judiciais e diretrizes regulatórias tende a reduzir incertezas e, portanto, liberar espaço para reprecificação positiva das ações.
6. Eletrobras (ELET3 e ELET6): dividendos generosos
As ações da Eletrobras avançaram de forma consistente, com alta de 24% (ELET3) e 21,57% (ELET6). O grande gatilho foi o anúncio de R$ 4 bilhões em dividendos, valor superior ao previsto. Além disso, projeções de bancos como Goldman Sachs sugerem dividend yields de até 12% em 2026 e patamares ainda mais elevados nos anos seguintes. Dessa forma, a empresa consolidou-se como um dos cases mais atrativos entre as geradoras de energia.
7. Minerva (BEEF3): beneficiária da escassez global
A Minerva valorizou 22,06%, mesmo com um balanço considerado fraco. O Morgan Stanley elevou a recomendação da ação, destacando que a escassez mundial de carne bovina e a persistência da inflação no setor favorecem a companhia em relação a concorrentes como JBS e Marfrig.
8. Rede D’Or (RDOR3): crescimento hospitalar
A Rede D’Or avançou 21,11% em agosto, consolidando-se como uma das principais escolhas de analistas para o setor de saúde. Enquanto nos trimestres anteriores o destaque ficava concentrado no segmento de seguros, neste período os serviços hospitalares ganharam protagonismo. Para o BTG Pactual, trata-se de uma das melhores teses de investimento, unindo crescimento robusto e valuation ainda atraente.
9. As maiores baixas do mês
Apesar da maioria das ações ter fechado em alta, algumas empresas tiveram quedas relevantes. É importante notar que, em sua maioria, os motivos estiveram ligados a fatores setoriais e conjunturais, e não necessariamente a fragilidades estruturais.
Tabela 2 – Maiores baixas do Ibovespa em agosto
Empresa | Ticker | Variação (%) | Motivos principais |
---|---|---|---|
Raízen | RAIZ4 | -17,61 | Alavancagem, clima adverso e perdas em estoques |
Rumo | RAIL3 | -12,03 | Demanda fraca, tarifas pressionadas |
PRIO | PRIO3 | -10,24 | Queda do petróleo e paralisação de plataforma |
10. Raízen (RAIZ4): resultados desafiadores
A Raízen liderou as quedas, recuando 17,61%. A companhia enfrentou aumento de alavancagem, dificuldades operacionais e condições climáticas desfavoráveis, o que reduziu volumes de moagem e pressionou margens. Mesmo assim, o Bradesco BBI manteve recomendação de compra, sugerindo que o atual momento pode representar oportunidade de entrada.
11. Rumo (RAIL3): tarifas pressionadas
A Rumo caiu 12,03%, refletindo projeções mais fracas para o setor logístico. O Citi reduziu o preço-alvo dos papéis, destacando que, embora a soja continue forte no portfólio de exportações, os riscos relacionados ao milho são mais relevantes do que antes.
12. PRIO (PRIO3): petróleo em queda
A PRIO recuou 10,24%. Três fatores explicam o movimento: (i) queda do preço do petróleo Brent em torno de 6%; (ii) resultados apenas em linha com as expectativas; e (iii) paralisação da plataforma Peregrino determinada pela ANP, o que pode gerar impacto bilionário na geração de caixa.
Conclusão
O balanço de agosto mostra um mercado amplamente otimista, com predominância de ganhos no Ibovespa. Setores de consumo e saúde puxaram a valorização, enquanto energia e transportes sofreram mais. Em síntese, o resultado confirma que, mesmo diante de incertezas globais, o mercado brasileiro responde de forma positiva quando encontra combinação entre política monetária favorável, resultados corporativos sólidos e expectativa eleitoral equilibrada.
por Mano Graal
Fonte: InfoMoney
Imagens: Chat CPT / FreePik