RENDIMENTOS ACIMA DE 1% AO MÊS

É possível garantir rendimentos acima de 1% com investimentos na B3? O cenário econômico brasileiro vive um período particularmente favorável para os investidores de renda fixa. Com a taxa Selic em 15% ao ano, o equivalente a 1,17% ao mês, o retorno das aplicações conservadoras está em um dos níveis mais altos da última década. No entanto, esse ciclo de juros elevados está prestes a terminar. Segundo as projeções do mercado e analistas do próprio Banco Central, os cortes na taxa básica devem começar no primeiro trimestre de 2026, reduzindo gradualmente a rentabilidade dos títulos públicos e privados. Assim, quanto antes o investidor se movimentar, maiores serão suas chances de travar taxas altas por longos períodos. Além disso, como o mercado financeiro antecipa os movimentos do BC, os preços dos títulos já podem começar a mudar nos próximos meses.

1. O cenário econômico e a projeção para 2026

Atualmente, o Banco Central mantém os juros elevados para conter a inflação e garantir a estabilidade dos preços. Entretanto, a tendência para 2026 é de afrouxamento monetário. De acordo com o ex-diretor do BC, Luiz Fernando Figueiredo, a redução deve ocorrer entre janeiro e março, com cortes graduais até que a Selic retorne a níveis próximos de 8% ao ano. Essa expectativa indica que os juros acima de 1% ao mês serão temporários. Portanto, quem aproveitar agora poderá assegurar rendimentos diferenciados mesmo após o início do ciclo de queda.

Gráfico 1 – Projeção da Selic até 2028 (%)

AnoSelic Média EstimadaVariação Esperada
202515,0%
202612,0%-3,0 p.p.
202710,0%-2,0 p.p.
20288,5%-1,5 p.p.

Com isso, é essencial antecipar o movimento do mercado, garantindo agora a rentabilidade que, em breve, será privilégio de poucos.

2. Travar taxas: o segredo da rentabilidade futura

Para preservar ganhos altos por mais tempo, alongar o prazo das aplicações é a estratégia mais eficiente. Os títulos de renda fixa permitem fixar juros elevados por vários anos, blindando o investidor das oscilações futuras. No Tesouro Direto, por exemplo, os títulos indexados ao IPCA oferecem retorno real — ou seja, acima da inflação — que pode multiplicar o capital investido.

Tabela 1 – Ganhos reais em títulos Tesouro IPCA+

TítuloVencimentoJuros Reais ao AnoRetorno Real Estimado
IPCA+ 202920297,9%25,6% em 3 anos
IPCA+ 203520357,5%106% em 10 anos
IPCA+ 205020506,89%428% em 25 anos
IPCA+ 206020607,12%1.010% em 35 anos

Além disso, quem pensa em aposentadoria ou reserva de longo prazo pode se beneficiar com retornos acima de 6,5% reais ao ano, algo raríssimo em economias estáveis. Dessa forma, ao investir hoje, o investidor garante um ganho superior ao crescimento da inflação por décadas.

3. Prefixados: ganhos expressivos em prazos menores

Por outro lado, para quem busca horizontes mais curtos e prefere ter clareza do quanto vai ganhar desde o início, os títulos prefixados são excelentes alternativas. No Tesouro Prefixado 2028, por exemplo, a taxa está em 13% ao ano, resultando em um ganho total de cerca de 28% em dois anos. Já o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035, com taxa de 13,71% ao ano, pode proporcionar 217% de retorno em nove anos.

Gráfico 2 – Crescimento do capital investido (R$ 10.000)

AnoPrefixado 2028Prefixado 2035
2025R$ 10.000R$ 10.000
2026R$ 11.300R$ 11.370
2030R$ 17.500
2035R$ 31.700

Dessa maneira, os títulos prefixados garantem rentabilidade previsível, ideal para quem deseja resultados robustos sem depender de variáveis externas. Contudo, é fundamental manter o papel até o vencimento, já que oscilações nos juros podem afetar o valor de mercado.

4. Títulos isentos: rentabilidade líquida sem impostos

Além dos títulos públicos, há também alternativas de renda fixa privada que oferecem isenção total de Imposto de Renda, o que aumenta significativamente o retorno líquido. Entre elas estão as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e as debêntures incentivadas, todas lastreadas em atividades produtivas da economia real.

Tabela 2 – Comparativo de investimentos com isenção fiscal

Tipo de TítuloRentabilidade BrutaImpostoRentabilidade Líquida
CDB Tradicional13,0% a.a.15% a 22,5%10,1% a 11,0%
LCI/ LCA12,5% a.a.0%12,5%
Debênture Incentivada11,8% a.a.0%11,8%

Portanto, essas aplicações são particularmente vantajosas para quem busca maximizar ganhos líquidos sem abrir mão da segurança. Além disso, em um contexto de juros altos, elas funcionam como excelente proteção contra a volatilidade da Bolsa de Valores.

5. Riscos e cuidados necessários

Apesar das vantagens, é fundamental avaliar os riscos de liquidez e de marcação a mercado. Quanto maior o prazo do título, maior a oscilação de preços quando as taxas mudam. Assim, caso o investidor precise resgatar antes do vencimento e as taxas estejam mais altas, poderá sofrer perdas. Por outro lado, se os juros caírem, o valor do título sobe, gerando lucro adicional.

Mapa 1 – Estratégias de alocação por prazo

PrazoInstrumento SugeridoPerfil do Investidor
Curto (1-2 anos)Tesouro Prefixado, CDBsConservador
Médio (3-10 anos)Tesouro IPCA+, LCIsModerado
Longo (10-30 anos)IPCA+ 2050/2060, DebênturesAgressivo

Portanto, o ideal é alocar recursos de acordo com o horizonte financeiro, evitando a necessidade de resgates antecipados. Além disso, diversificar entre prazos e emissores reduz riscos e garante equilíbrio ao portfólio.

Conclusão: agir agora é essencial

Em suma, os juros acima de 1% ao mês representam uma oportunidade rara e temporária. À medida que o ciclo de cortes da Selic se aproxima, as taxas elevadas vão desaparecer gradualmente. Dessa forma, investir agora em títulos públicos e privados de longo prazo é a melhor forma de travar rentabilidades expressivas por anos ou até décadas.

Em outras palavras, quem agir hoje poderá dobrar ou até multiplicar seu patrimônio, beneficiando-se de retornos reais acima da inflação, segurança e previsibilidade. Por isso, o momento exige ação imediata e planejamento estratégico. Afinal, no mundo dos investimentos, quem se antecipa colhe os melhores frutos.

por Mano Graal

Fonte: InfoMoney

Imagens: ChatGPT e Canva